O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse esta quinta-feira que a China “pode dar um contributo para a paz”, lamentando que Pequim tenha demorado 15 meses para contactar as autoridades ucranianas enquanto apenas falou “com o agressor”.

“É muito bom, sempre, que as pessoas falem. Tenho apenas a lamentar que tenha durado 15 meses até chegarmos a este momento, mas é bom que tenhamos chegado”, afirmou o ministro em resposta aos jornalistas em Paris.

“A China é evidente que pode dar um contributo para a paz, não creio que estejamos ainda a falar de possibilidades de mediação, mas é muito importante que a China reconheça que há dois lados com quem importa falar. Tem falado muito com o agressor (Rússia) e é fundamental que a China tenha acesso à outra parte deste conflito trágico”, adiantou.

João Gomes Cravinho esteve esta quinta-feira em Paris para a inauguração oficial da obra monumental de Joana Vasconcelos, “Árvore da Vida”, instalada na Capela do Castelo de Vincennes, junto a Paris.

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À margem da visita, o ministro defendeu que apenas um país poderá fazer toda a diferença no conflito na Ucrânia e esse país é a Rússia.

“Eu creio que, infelizmente, temos uma situação em que um país acima de todos pode fazer a diferença, que é a Rússia, retirando as suas forças. A China pode naturalmente dizer à Rússia que a integridade territorial que ela tanto preza e que colocou em primeiro plano nas suas propostas para a paz significa essa retirada das tropas russas”, declarou.

Na quarta-feira, pela primeira vez, o Presidente chinês Xi Jinping falou com o Presidente Volodymyr Zelensky desde o início da invasão russa da Ucrânia, apesar de ter reunido já várias vezes com o homólogo russo, Vladimir Putin.

Xi disse ao líder ucraniano que a China vai enviar um representante especial para os assuntos da Eurásia para a Ucrânia e outros países, com o objetivo de “lançar uma comunicação profunda com todas as partes visando encontrar uma solução política para a crise”.