Rui Pinto entrou, mais uma vez, na sala do sexto piso do Tribunal Central Criminal de Lisboa, mas desta vez esteve menos de 10 minutos sentado à frente do coletivo de juízes, que é liderado pela juíza Margarida Alves. E, sem prestar declarações, sem autorizar fotografias ou filmagens, o pirata informático ouviu a juíza anunciar que não ia ler o acórdão do caso do Football Leaks e adiou a sessão para o dia 13 de julho.

Em causa, referiu a juíza Margarida Alves, está uma “alteração dos exatos termos que constavam na acusação”. Essas alterações, que não foram detalhadas pelo tribunal, surgiram na sequência do julgamento e a defesa tem agora 10 dias para se pronunciar em relação às alterações. Caso a defesa de Rui Pinto, que está acusado pelo Ministério Público de 89 crimes de tentativa de extorsão, acesso indevido, acesso ilegítimo e violação de correspondência, ou de Aníbal Pinto, acusado de um crime de tentativa de extorsão em coautoria com Rui Pinto, se queira pronunciar, os dois arguidos voltam a tribunal para produção de prova suplementar.

Aníbal Pinto não esteve presente nesta sessão e, depois deste anúncio, Rui Pinto saiu da sala, sempre acompanhado pelas autoridades, já que se encontra ao abrigo de um programa de proteção de testemunhas. Já à saída, a defesa do pirata informático referiu que ainda não leu atentamente as cerca de 10 páginas que explicam as alterações em causa e acrescentou que “é previsível que resulte alguma condenação”, tal como, aliás, já tinha referido em sessões anteriores. Na última sessão de julgamento, durante as alegações finais, Teixeira da Mota referiu que “pena de prisão suspensa será suficiente” para Rui Pinto.

Football Leaks. Advogado de Rui Pinto entende que “pena de prisão suspensa será suficiente”

Inicialmente, Rui Pinto foi acusado de 90 crimes, mas o Ministério Público, nas alegações finais, deixou cair um crime de sabotagem informática à Sporting SAD, por considerar que o crime não ficou provado durante o julgamento. Também nas alegações finais, a procuradora Marta Viegas pediu pena de prisão para o pirata informático, apesar de não ter indicado a duração da pena. “O projeto Football Leaks foi idealizado pelo arguido Rui Pinto”, disse a procurado do MP no primeiro dia de alegações finais, que decorreram em janeiro deste ano.

O pirata informático não falou esta sexta-feira, mas durante quatro sessões deste julgamento, que decorreram em novembro, Rui Pinto falou ao coletivo de juízes e explicou praticamente ponto por ponto a acusação do Ministério Público. Aliás, foi nessa altura que admitiu ser responsável por vários acessos ilegítimos, explicando também que não trabalhava sozinho — sem nunca, no entanto, revelar a identidade dos restantes membros do Football Leaks. E foi também durante estas quatro sessões, que duraram, no total, cerca de 24 horas, que Rui Pinto disse estar arrependido: “Este processo permitiu aprender muitas coisas. É que o crime, mesmo com boas intenções, não compensa. Sabendo o que sei hoje, não voltaria a meter-me numa destas. A minha vida está de pernas para o ar”.

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