O Presidente são-tomense defendeu este sábado “uma autonomia sólida e robusta” ao serviço dos reais interesses da Região Autónoma do Príncipe, mas sem pôr em causa “a coesão e a unidade” de São Tomé e Príncipe.

É preciso lançar mãos à obra. Ou melhor, consolidar a obra iniciada há 28 anos […] tendo em conta as particularidades e peculiaridades da região, trabalhar no sentido de gerar uma autonomia sólida, robusta e que efetivamente esteja ao serviço dos reais interesses da região e do país”, defendeu Carlos Vila Nova, no ato central dos 28 anos da autonomia regional, assinalados este sábado na cidade São António, na ilha do Príncipe.

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O Presidente da República defendeu que é preciso “promover uma maior integração da Região Autónoma do Príncipe no seio da nação e da comunidade nacional” e que “as diferenças naturais existentes entre as duas ilhas têm de ser corrigidas” através de políticas adequadas de “discriminação positiva em todos os setores” para que o “país seja mais justo, mais equilibrado e menos iníquo para com os seus filhos”.

O Presidente da República defendeu ainda “a necessidade de se encontrar consensos sobre o melhor modelo de concretização da autonomia” que “não ponha em causa a coesão e a unidade que são intrínsecos ao Estado unitário que é São Tomé e Príncipe, por imperativo constitucional”.

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Carlos Vila Nova afirmou-se “atento e comprometido com a causa do povo e do país” e prometeu “advogar junto ao Governo [central] e junto aos parceiros, no sentido de se encontrar soluções para as diversas necessidades e os diversos problemas que assolam a região [autónoma], sobretudo “os mais prementes”.

Dentre as prioridades a resolver, o Presidente apontou as limitações “impostas pelas ligações aéreas, seja pela sua frequência, seja pela capacidade dos aparelhos utilizados, seja pelo preço dos bilhetes”, “a incapacidade de garantir o abastecimento regular da ilha com produtos de primeira necessidade e não só e aos mesmos preços que os praticados em São Tomé”.

Acrescentou ainda a “inexistência de centros de saúde e ou de um hospital com mais valências, com condições aceitáveis para dar resposta às necessidades de saúde e de assistência médica à população”, a falta de instituições de ensino superior na ilha, “a falta de juízes residentes, de um tribunal funcional ou de um estabelecimento penitenciário na ilha” e ainda “a necessidade de se fomentar a criação de um ambiente de negócios atrativo ao investimento, nacional ou estrangeiro, nos setores em que a Região apresente maior potencial, como é o caso do turismo”.

No entanto, Carlos Vila Nova disse que é preciso “reconhecer que nem tudo são problemas”, sublinhando que “há também motivos de regozijo”.

“Há pouco mais de uma década, o Príncipe foi consagrado Reserva da Biosfera e a ilha tem sido um verdadeiro exemplo em matéria de proteção do ambiente e de desenvolvimento sustentável. Isto constitui para todos os santomenses um motivo de orgulho incomensurável”, afirmou o Presidente.

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Além disso, o chefe de Estado destacou “melhorias significativas” na pista do aeroporto regional, que foi alargada, “o que permite receber aeronaves de maior capacidade e em condições de segurança conforme as normas internacionalmente estabelecidas”, reabilitação de várias ruas da cidade de Santo António, lançamento da primeira pedra para a construção do novo liceu na Região e a “boa execução no Plano de Luta e Combate do Paludismo, tendo a região atingido os melhores índices estatísticos a nível nacional”.

“Com as nossas limitações, não podemos ter a pretensão de ver resolvidos hoje e já todos os constrangimentos. Devemos sim, todos, cada um a seu nível, no seu grau de responsabilidade, continuar a trabalhar, congregando esforços e sinergias, tendo como rumo a construção de um Príncipe cada vez melhor e onde realmente dê gosto viver”, sublinhou Carlos Vila Nova.

Por seu lado, o presidente do governo regional do Príncipe, Filipe Nascimento, defendeu que “o aprofundamento da autonomia, sobretudo a financeira, será o reforço da unidade nacional”.

“A autonomia implica o reconhecimento das especificidades próprias deste território descontinuado, cuja população habitante preserva um manancial de valores históricos e identitários próprios, cuja diversidade cultural se revela-se como uma das maiores riquezas da ilha”, acrescentou Filipe Nascimento.

O dirigente regional defendeu ainda que “se torna necessário o respeito pelo poder político regional eleito por essa população para gerir o território, tomar as decisões e que deve ser incluído nos assuntos do país que diz respeito direta ou indiretamente à Região”.