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Dos vestidos vintage Chanel às camélias de Rihanna, a Met Gala pintou-se de preto e branco, teve flores, pérolas e gatos. Veja os looks

Este artigo tem mais de 6 meses

"Em honra de Karl" Lagerfeld era o dress code para a festa. O binómio preto & branco e as pérolas foram as apostas preferidas, houve ainda vestidos tirados do baú, dois gatos e muitas homenagens.

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Ao fim de mais de três horas de intensa movimentação de estrelas por metro quadrado, a passadeira, que por acaso este ano foi bege, estava totalmente desimpedida, mas os fotógrafos mantinham-se firmes nas suas posições. Valeu a pena a espera. Rihanna e A$AP Rocky chegaram quando a passadeira parecia prestes a encerrar e todos os convidados estavam dentro do museu. A diva, que está grávida do segundo filho, vinha coberta de flores, e foi a camélia no topo desta festa que teve uma série de looks vintage, vestidos brancos e muitas homenagens.

Mandava o dress code desta Met Gala que os convidados se vestissem “em honra de Karl”. A festa estelar marca, como habitualmente, a abertura da grande exposição de moda anual do museu Metropolitan e este ano a mostra é dedicada a Karl Lagerfeld, o designer/estrela que morreu em 2019. O look de Rihanna foi criado especialmente pelo diretor criativo da casa Valentino, Pierpaolo Piccioli, e consistiu num vestido branco com uma cauda de cinco metros de comprimento e uma saia tão ampla que tinha 14 metros de bainha, e ainda num casaco coberto por 30 camélias feitas em tecido, num total de 500 pétalas. A camélia era a flor preferida de Gabrielle Chanel e um dos ícones da marca que Lagerfeld mais trabalhou ao longo de mais de trinta anos à frente da maison francesa. Tal como Piccioli na Valentino, houve muitos outros designers que se dedicaram a criações especiais para homenagear Lagerfeld.

No entanto, esta pode muito bem ter sido a Met Gala mais sustentável de sempre. Foram muitas as convidadas que resgataram vestidos dos seus próprios baús ou dos arquivos das marcas. As musas Chanel lideraram as homenagens. Penélope Cruz contou à Vogue, na sua chegada ao museu, que a casa Chanel lhe disse que iria refazer um look à sua escolha para usar nesta festa, mas havia tanto por onde escolher que a atriz disse ter andado um mês a ver vestidos até chegar ao vestido de noiva da coleção de Alta Costura primavera/verão 1988. Nicole Kidman escolheu homenagear Karl Lagerfeld ao voltar a usar o vestido que o designer  criou especialmente para a atriz usar no anúncio do perfume Chanel nº 5, que protagonizou em 2004. Margot Robbie optou por um vestido preto vintage que foi usado por Cindy Crawford em 1993 e lembrou que foi a última embaixadora Chanel escolhida pelo próprio Karl.

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Dua Lipa contou em entrevista à Vogue que aproveitou para usar um vestido que sempre a encantou. Pediu à Chanel para usar o vestido de noiva da coleção de Alta Costura outono/inverno 1992 e a marca satisfez o desejo. A cantora usou outra peça extraordinária, um colar Tiffany. Foi a primeira pessoa a usar o novo diamante Legendary, que está montado no colar Lucida Star. “Tiraram-no do cofre para mim”, disse à entrada do museu. Gisele Bundchen também recuperou um modelo antigo e optou por um vestido que usou numa produção de moda fotografada por Karl Lagerfeld para a revista Harper’s Bazaar da Coreia, número de agosto de 2007.

Os vestidos brancos e o jogo entre preto & branco foram duas das tendências deste evento. A par da paleta cromática, as pérolas, as camélias e os bordados foram os elementos que mais inspiraram outros designers a homenagear o trabalho de Lagerfeld. Kim Kardashian e Michaela Coel usaram criações da casa ricamente trabalhadas. A primeira usou uma peça com milhares de pérolas verdadeiras, enquanto a segunda usou um vestido para o qual foram necessárias 3.800 horas de bordados à mão.

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As irmãs Kardashian com o ator Jared Leto e a cabeça de gato do disfarce com que chegou à festa

Chegou a especular-se se a gata de Karl Lagerfeld estaria presente nesta festa, mas o New York Times acabou com as dúvidas ao noticiar já esta segunda-feira que Choupette não iria à Met Gala. Mas houve gato, á mesma. Um gato branco em estilo peluche gigante chegou à passadeira vermelha, mas rapidamente retirou a cabeça e máscara e percebeu-se que se tratava de Jared Leto. O ator continuou a sua performance já na escadaria e trocou o fato de gato por um look negro que trazia por baixo e ao qual acrescentou uma capa. A rapper Doja Cat também se inspirou na gata do designer e levou o look ao extremo, uma vez que além de usar um vestido Oscar de la Renta com orelhas, usou próteses no rosto. Janelle Monae usou uma carteira em forma de gato branco, mas também fez uma performance de troca de roupa de um look Thom Browne nas escadas do Met.

Este evento galático caracteriza-se pela lista de convidados variada. Há veteranos, como Naomi Campbell, que também usou um vestido Chanel vintage, confessou que esta foi a sua 16ª Met Gala. Há também, todos os anos, quem se estreia, como foi o caso Paris Hilton que esteve acompanhada pelo designer Marc Jacobs. Da Europa voaram algumas convidadas honoráveis, como por exemplo Charlotte Casiraghi, filha da princesa Carolina do Mónaco e amiga desde sempre de Karl Lagerfeld. Assim como Carla Bruni que, em 2010, viu o designer alemão ser condecorado pelo marido, o antigo Presidente da República francês Nicolas Sarkozy, e que na manhã da Met Gala participou na conferência de imprensa de apresentação da exposição. Serena Williams aproveitou uma entrevista na passadeira vermelha para anunciar que está novamente grávida e a modelo Karlie Kloss contou que era a primeira vez que estava a exibir a sua gravidez, neste caso num vestido preto justo Loewe.

Dentro do museu os convidados farão uma visita à nova exposição, jantar e assistir a uma performance musical, que etse ano ficou a cargo da cantora Lizzo. As publicações nas redes sociais estão proibidas, por isso, o que acontecer na Met Gala, ficará na Met Gala. Todos os anos figuras públicas bem conhecidas são convidadas a assumir o papel de anfitriãs da gala. Este ano a atriz e musa Chanel Penélope Cruz, a atriz e argumentista britânica e ganesa Michaela Coel, o tenista Roger Federer e a cantora Dua Lipa juntam-se a Anna Wintour como co-chairs honorários do evento.

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A cantora Lizzo durante a sua atuação a Met Gala

A inspiração e a exposição

A exposição deste ano chama-se “Karl Lagerfeld: a line of beauty” (Karl Lagerfeld: uma linha de beleza), e é uma homenagem ao designer de moda de origem alemão. Embora a Met Gala seja esta segunda-feira, dia 1 de maio, a exposição só abrirá ao público no dia 5 e poderá ser visitada até 16 de julho. Lagerfeld não seria fã de retrospetivas e o curador chefe do Costume Institute, Andrew Bolton, o responsável pela exposição, garante que não será “uma retrospetiva tradicional”. Será sim “um ensaio temático e conceptual do trabalho de Lagerfeld”, segundo o comunicado de imprensa do museu. Para este projeto, Bolton contou com a ajuda de Amanda Harlech, amiga e colaboradora próxima de Lagerfeld durante anos, como consultora criativa.

É possível espreitar um pouco da exposição através de um curto vídeo partilhado pelo museu no Instagram. A mostra foi desenhada pelo arquiteto e prémio Pritzker Tadao Ando e o nome é inspirado no livro de William Hogarth “The Analysis of Beauty”, que serve de ponte de partida teórico para estudar a obra do designer. A mostra foca-se no vocabulário de estilo e temas de eleição do designer alemão, desde o início da sua carreira na década de 1950 até à sua coleção final, em 2019, assim como na metodologia de trabalho que seguia. Estarão cerca de 150 peças em exibição e quase todas acompanhadas por ilustrações de Lagerfeld, que além de designer também era ilustrador, fotógrafo e designer de interiores. Esta exposição contou com o apoio da casa Chanel, da Fendi, da marca homónima do designer e da Condé Nast.

Karl Lagerfeld morreu em fevereiro de 2019 e é lembrado, sobretudo, como o homem que transformou e liderou a mítica casa Chanel ao longo de 35 anos. No entanto, durante uma longa carreira trabalhou para outras marcas como Fendi, Chloé, Balmain, Patou e, claro, a sua própria marca.

Décadas a contar histórias de moda

As exposições de moda do museu Metropolitan são produções do Costume Institute, o departamento com a coleção de moda e traje do museu. Trata-se de um arquivo com mais de 33 mil peças que acompanha a história do vestuário desde o século XV até à atualidade e através de cinco continentes, com peças de roupa e acessórios para mulher, homem e criança. O departamento foi integrado no museu em 1946 e, desde 2009 conta também com a coleção de moda e traje do Museu Brooklyn. O museu publicou recentemente na sua conta de Instagram um pequeno vídeo onde conta a história do departamento.

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Imagens do interior da exposição “Karl Lagerfeld: a line of beauty”, no museu Metropolitan, em Nova Iorque

Getty Images

Há exposições de moda no Metropolitan há décadas, contudo em 2011 houve uma grande mudança. A exposição “Savage Beauty” mostrou a obra de Alexander McQueen no ano seguinte à sua morte e despertou tal interesse por parte do público que o museu não estava preparado para a afluência de visitantes. Desde então, todos os anos a grande exposição do Costume Institute desperta grande curiosidade e interesse com um tal volume de visitantes que transcende o público de moda e é mesmo transversal a toda a sociedade.

Contudo os anos da pandemia baralharam as datas e, em 2021, a exposição “In America: A Lexicon of Fashion” abriu em setembro, sob o nome “In America: A Lexicon of Fashion” e foi dedicada à moda norte-americana. Em 2022 tudo regressou ao normal e a exposição “In America: An Anthology of Fashion” abriu em maio e foi como uma segunda parte da anterior. Juntas tiveram 947.465 visitantes e fizeram da exposição com duas partes “In America” a quarta mais visitada do museu nova-iorquino.

Mas o pódio conta com mais moda. A terceira exposição mais vista de sempre no Metropolitan foi “Mona Lisa”, em 1963, a segunda foi “Treasures of Tutankhamun”, em 1978, com 1.36 milhões de visitantes. Contudo “Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination” foi a exposição mais visitada de sempre, com mais de 1 milhão 650 mil visitantes. Aconteceu em 2018 e explorava a religião católica como inspiração na moda.

As origens da Met Gala

Hoje a “Met Gala” é um evento de escala internacional e um marco no calendário da moda, mas vale a pena lembrar que esta forma como ficou conhecida é uma espécie de nome artístico do evento. Na verdade trata-se da Metropolitan Museum of Art Costume Institute Benefit e é uma festa que tem a função de ser a principal fonte de fundos para a manutenção do departamento de moda e traje do museu. Todos os anos, a Met Gala acontece na primeira segunda-feira de maio e marca a abertura da exposição de primavera do Costume Institute, a maior exposição de moda do ano no museu.

Este ano cada entrada terá custado 50 mil dólares (cerca de 45.400 euros), enquanto o valor de cada mesa começará nos 300 mil dólares (mais de 272 mil euros), até aqui a inflação terá tudo impacto, uma vez que os preços subiram em relação ao ano passado, segundo dá conta o New York Times. Mas atenção, não basta pagar, porque há uma lista de espera e é necessária a aprovação de Anna Wintour. Há também marcas que “compram” mesas e convidam celebridades para ocuparem os lugares. Esta gala conta com um jantar seguido de um espetáculo musical ao vivo e costuma ter cerca de 600 convidados. Tudo em nome da moda, da sua conservação, estudo e exibição.

A Met Gala do ano passado angariou 17.4 milhões de dólares (cerca de 15.8 milhões de euros), segundo o jornal. Até 2020, ano em que não houve gala por causa da pandemia de Covid-19, as festas organizadas por Anna Wintour já tinham angariado cerca de 125 milhões de dólares para o departamento de moda do museu.

Anna Wintour, diretora artística do grupo Condé Nast e diretora da Vogue americana há mais de três décadas,é a maestra deste evento desde 1995 e foi ela que o tornou numa festa de celebração da moda que é transversal à sociedade. Aqui param artistas, atores, músicos, realizadores, políticos, celebridades, desporto, empresários, aristocratas e até realeza, além das figuras da moda. Anna Wintour fez desta festa uma das suas missões de vida, como se pode concluir de uma biografia sua lançada em 2022, Anna – The biography, precisamente no dia da Met Gala. Anna, como gosta de ser tratada (até pelos netos), tem a preocupação da manutenção do legado da moda no museu e toda a organização da Met Gala passa pelos seus olhos e aprovação, da lista de convidados aos pormenores do evento.

O estilo, a obra e o mau feitio. Anna Wintour é a mulher à prova do tempo

Mas embora a famosa Anna Wintour tenha tornado este evento numa noite mágica, não é a primeira fada madrinha deste evento a agitar os seus dotes de bom gosto e conhecimentos para em nome da Moda e da sua manutenção no museu, um lugar onde é estudada, apreciada e comunicada como em nenhum outro. A primeira foi Eleanor Lambert, uma jovem do estado do Indiana decidida a estudar Arte e que se aventurou em Nova Iorque onde começou a trabalhar como relações públicas para marchands de arte. Foi tão bem sucedida que um designer de moda viria a contratar os seus serviços, abrindo uma porta de entrada no mundo da moda norte-americana que Eleanor se dedicou a tornar encantado.

Foi ela quem fundou a angariação de fundos para o Costume Institute, em 1948. Na altura era um jantar de beneficiência que reunia pessoas da alta sociedade novaiorquina e acontecia em diferentes locais da cidade, mas desde logo a fundadora o cunhou como sendo “a festa do ano”. O papel de Eleanor Lambert na moda norte-americana é muito mais extenso. Foi pioneira a tornar os designers em celebridades, foi quem deu os primeiros passos para a Semana da Moda de Nova Iorque e para o Council of Fashion Designers of America (CFDA) e ainda fundou a lista das pessoas mais bem vestidas, um património que a revista Vanity Fair mantém com grande brilho.

Lambert passou as rédeas deste evento para Diana Vreeland, uma lendária editora da revista Harper’s Bazaar americana durante muitos anos, que passou depois para a Vogue, mas foi ao Costume Institute que se dedicou entre 1972 e 1989, ano em que morreu. Foi ela quem introduziu as celebridades na festa, mas enquanto consultora também criou várias exposições. Depois a “pasta” da festa mais fashion do ano passou para Pat Buckley, uma socialite especialista em angariação de fundos que pertencia à “realeza” nova iorquina e que já estava envolvida nas atividades do Costume Institute desde 1979 e ficou até 1995, ano em que chegou Anna Wintour.

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