O Presidente da República emitiu pela primeira vez em sete anos de coabitação política uma nota oficial a dizer que “discorda” frontalmente do primeiro-ministro sobre a manutenção de um membro do Governo. Marcelo Rebelo de Sousa diz que, por ele, João Galamba não continuava a ser ministro das Infraestruturas, mas lembra que “não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro”. O Presidente diz claramente que “discorda da posição” de Costa “quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos Portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem.”

Quando se refere ao “prestígio das instituições”, Marcelo abre a porta a leituras sobre como avalia o regular funcionamento das instituições. Além disso, sugere que os portugueses — o seu barómetro por excelência — têm uma perceção diferente da de Costa.

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Galamba fica e Marcelo discorda. O que vai fazer?

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Na mesma nota, Marcelo lembra que foi o próprio ministro das Insfraestruturas a apresentar “o seu pedido de demissão, invocando razões de peso relacionadas com a perceção dos cidadãos quanto às instituições políticas.” O Presidente regista ainda que apesar de considerar a situação “deplorável”, o primeiro-ministro entendeu não submeter o pedido de demissão a Belém “por uma questão de consciência”.

Em sete anos de governação, só por uma vez — com a então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa — Marcelo tinha sido mais explícito a pedir que o Governo retirasse “todas, mas todas as consequências” dos incêndios. Mas, ainda assim, não disse nessa ocasião de forma direta que discordava do Presidente da República. Agora fê-lo.

Antes da composição do atual Governo, Marcelo Rebelo de Sousa disse a Costa que não aceitaria o nome de João Gomes Cravinho como ministro da Defesa. O primeiro-ministro acatou, mas nomeou colocou o diplomata nos Negócios Estrangeiros. Ainda assim, nada disto foi assumido publicamente.