A Reserva Federal dos EUA anunciou esta quarta-feira o décimo aumento consecutivo nas taxas de juro, no espaço de 14 meses, e deu a entender que esta poderá ter sido a última subida deste ciclo. O banco central norte-americano passou a definir uma taxa de juro de referência no intervalo entre 5% e 5,25%, apertando a política monetária apesar das dificuldades que estão a ser sentidas por alguns bancos regionais e de menor dimensão.
O comunicado divulgado pelo banco central nesta quarta-feira não inclui a frase que vinha sendo enunciada, nos últimos meses, e que antecipava uma continuação das subidas de juros. Esta quinta-feira, o comunicado já não refere essa ideia e adianta-se apenas que o banco central vai continuar a monitorizar os efeitos das subidas de taxas já feitas nos últimos meses.
Esta será a chamada “pausa” que a generalidade dos analistas já antecipava, em antecipação à decisão desta quarta-feira – embora Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal (Fed), não o reconheça formalmente: “não foi tomada nesta reunião uma decisão de pausa na subida dos juros”. Porém, o responsável reconheceu que é “significativo” que se tenha retirado do comunicado a referência a prováveis aumentos futuros dos juros.
O líder do banco central mais poderoso do mundo reiterou que a Fed está “consciente das dificuldades que a inflação elevada está a causar a todos, sobretudo àqueles que têm menos recursos para fazer face às despesas mais elevadas”. “A inflação moderou-se nos últimos meses mas continua elevada – e ainda não está terminado o trabalho para baixar a inflação para o nosso objetivo de 2%”, assegurou Jay Powell.
Sobre a banca, a Reserva Federal reitera que ela está “saudável e resiliente”. Em conferência de imprensa, o presidente Jerome Powell acrescentou que o supervisor financeiro “cometeu erros” mas está “empenhado em aprender as lições corretas” de forma a evitar mais problemas como os que levaram à queda de bancos como o Silicon Valley Bank. Uma dessas “lições” tem a ver com a rapidez com que se gerou a corrida aos depósitos nesse banco, que foi muito mais rápida do que havia registo histórico em outras situações.
Ao contrário do Banco Central Europeu (BCE), a Fed tem um duplo mandato que, além do controlo da inflação, se preocupa com o crescimento económico e o mercado de trabalho. Jay Powell reconheceu que tem havido algum aperto da concessão de crédito, fruto das subidas de juros nos últimos meses, e que esse abrandamento irá refletir-se na economia e no emprego – porém, não está no cenário central previsto pela Fed uma recessão económica nos EUA.