O oligarca russo Andrey Kovalev, vice-chefe do Conselho de Empreendedores de Moscovo e fundador do Movimento Russo de Empreendedores, publicou, durante um fim de semana, um vídeo nas suas redes sociais, em que deixa duras críticas à gestão do conflito na Ucrânia por parte do Kremlin. Dias depois, voltou atrás.

“Isto não é uma operação militar especial. É uma guerra horrível”, afirmou Andrey Kovalev, vincando que “122 países” classificam a Rússia como um país “agressor”. “Todos estão contra nós”, lamentou o oligarca do ramo imobiliário. “Onde está o nosso futuro? Onde estão os nossos projetos? Que planos temos?”, questionou-se Andrey Kovalev, descrevendo a situação como “embaraçosa”. 

Recuando ao início do conflito, Andrey Kovalev lembrou que, no início da “operação militar especial”, a Rússia tinha a certeza de que conseguiria conquistar Kiev “em duas semanas”. A ofensiva até “começou bem”, concedeu o oligarca, mas acrescentou depois que o conflito “não correu como o esperado”, recordando a retirada russa dos arredores da capital ucraniana no final de março de 2022.

“Depois, todo o mundo veio ajudar a Ucrânia”, salientou o oligarca, assinalando que a Rússia não está a lidar “com um país fraco” como era em 2014, quando a Crimeia foi anexada. Elogiando as capacidades militares ucranianas, Andrey Kovalev disse que Moscovo encontrou no terreno “um Estado muito organizado, com forças armadas modernas e com um país unido que odeia [a Rússia] intensamente”.

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Reforçando o poderio das tropas ucranianas, Andrey Kovalev espera que a Rússia não perca a guerra. “Eles vão matar-nos a todos. Eles vão matar todos quer estejam ao lado de Putin, quer estejam contra ele. Todos serão mortos”.

Como exemplos das capacidades das tropas ucranianas, o oligarca frisou que um míssil russo Kinzhal foi intercetado pela defesa aérea ucraniana. “Eles destruíram a ponte da Crimeia. Nós recuámos em Kherson. Eles atingiram o Kremlin”, elencou. “Estamos todos numa zona de perigo”, lamentou.

Após a publicação do vídeo, Andrey Kovalev reagiu novamente nas redes sociais, após ter tido conhecimento da amplitude que as suas palavras tinham tido, principalmente na Ucrânia. E retirou os elogios que tinha feito às tropas de Kiev, acusando os dirigentes ucranianos de estarem a preparar uma “grande guerra” contra a Rússia.

“Não escondemos os nossos problemas, falamos deles abertamente“, escreveu o oligarca nas redes sociais. “Não torturamos nem matamos feridos, não cometemos atos de terrorismo contra escritores e filósofos… Amamos o nosso fraterno povo ucraniano que, infelizmente, caiu sob a mais cruel ditadura de um regime terrorista e fascista.”

Face à “grande guerra” que a Ucrânia estaria a preparar, “a Rússia teve de reagir”. Embora volte a criticar que o Kremlin não se estava a preparar “seriamente para a operação militar especial”, Andrey Kovalev entendeu que tal, a seu ver,”era “compreensível”. Agora, Moscovo deve “unir-se em redor do Presidente Putin”. E assim, garantiu, “a vitória” será russa.