O congressista republicano de Nova Iorque, George Santos, foi detido esta quarta-feira, depois de se apresentar no tribunal federal de Long Island, segundo o The New York Times. Santos está acusado de 13 crimes, sete de fraude, três de branqueamento de capitais, um por roubo de fundos públicos e dois por prestar declarações falsas à Câmara dos Representantes. Em tribunal, Santos, de 34 anos, declarou-se inocente, saindo depois em liberdade sob pagamento de fiança de 500 mil dólares (455,6 mil euros).

Nova Iorque: George Santos acusado em investigação federal. Congressista deve ser presente a tribunal já esta quarta-feira

Santos declarou-se inocente das acusações de que enganou doadores, roubou da sua campanha e mentiu ao Congresso sobre ser um milionário, tudo isso enquanto recebia benefícios de desemprego a que não tinha direito.

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As 13 acusações que enfrenta são fruto de uma rede de fraudes e enganos que os procuradores dizem contrastar com a imagem pública fantasiosa que criou como um empresário rico – uma biografia fictícia que começou a desfazer-se logo após as eleições intercalares de novembro passado. Pode enfrentar até 20 anos de prisão se for condenado.

Santos pronunciou apenas algumas palavras em tribunal, respondendo afirmativamente às questões feitas pela juíza que presidiu à audiência, que durou cerca de 15 minutos.

O seu advogado, Joseph Murray, disse que Santos planeia continuar a sua campanha de reeleição e pediu permissão ao juiz para viajar livremente, embora tenha entregado o seu passaporte. “Finalmente conseguimos abordar todas estas alegações”, disse Murray a jornalistas junto ao tribunal.

Filho de imigrantes brasileiros, Santos tem estado envolvido em diversas polémicas em que é acusado de mentir, por exemplo, sobre o seu currículo académico e profissional. A acusação conhecida esta quarta-feira liga-o a “esquemas fraudulentos e deturpações descaradas”. Tudo com o objetivo de enganar financiadores, enriquecer e ser eleito para o Congresso — uma eleição que acabou por conseguir e que caracterizou como “a plena encarnação do sonho americano”.

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Entre as acusações, os procuradores dizem que Santos induziu apoiantes a doar para uma empresa sob o falso pretexto de que o dinheiro seria usado para apoiar a sua campanha. Mas, em vez disso, segundo a acusação, o político usou o dinheiro para despesas pessoais, incluindo roupas de marcas de luxo e despesas com cartões de crédito e ligadas ao seu carro.

A acusação “procura responsabilizar Santos por vários supostos esquemas fraudulentos e deturpações descaradas”, disse o procurador norte-americano Breon Peace. “Tomadas em conjunto, as alegações no indiciamento acusam Santos de contar com repetidas desonestidades e enganos para subir aos salões do Congresso e enriquecer”, acrescentou.

Santos terá também declarado ter recebido dinheiro que não recebeu com a sua empresa, a Devolder Organization. “Estas afirmações eram falsas. Santos não tinha recebido da Devolder Organzation os montantes de salário ou de dividendos declarados”, refere a acusação, citada pelo The New York Times.

O congressista está ainda acusado de ter montado um esquema fraudulento para receber subsídio de desemprego. Em junho de 2020, nos primeiros meses da pandemia, pediu subsídio de desemprego em Nova Iorque quando ainda trabalhava numa sociedade de investimento na Florida e recebia um salário anual de 120.000 dólares. Santos também é acusado de mentir à Câmara dos Representantes sobre a sua condição financeira.

O congressista desafiou os vários pedidos de renúncia ao cargo – alguns de colegas Republicanos – quando detalhes do seu currículo fictício foram desvendados, embora tenha recusado as suas nomeações para comités no Congresso.

Santos não deu nenhuma indicação de que planeia afastar-se da política por causa da sua acusação. No passado, membros do Congresso de ambos os partidos permaneceram no cargo enquanto enfrentavam acusações.

Entre as mentiras que propagou durante a sua campanha eleitoral estavam a de que era um empresário rico de Wall Street com um portfólio substancial de imóveis, que havia sido um jogador de vólei na faculdade, entre outras.

George Santos, a verdade da mentira e a política no século XXI