A Universidade de Coimbra (UC) demitiu o líder do Centro de Estudos Russos, Vladimir Pliassov, que é acusado de difundir propaganda a favor de Vladimir Putin e de apoiar a invasão da Ucrânia. A notícia foi esta quarta-feira avançada pela Rádio Renascença e confirmada pelo Observador junto de fonte oficial, que assegura que a instituição de ensino está “profundamente comprometida com os valores europeus e totalmente solidária com a Ucrânia no contexto da agressão”.

A Universidade de Coimbra e o apoio à Rússia

O caso foi denunciado num artigo de opinião do Observador escrito pelos ativistas ucranianos Viacheslav Medvediev e Olga Filipova, que sublinhavam que o Centro de Estudos Russos pertencente à Universidade de Coimbra, encabeçado por Vladimir Pliassov, difundia “propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”. 

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De acordo com os autores, a propaganda imperial russa moderna reivindica que historicamente “não há Ucrânia e não deveria existir”, para além de afirmar que houve uma “uma agregação fictícia de territórios independentes num quase-estado” que deveria ser “definitivamente anexado à Rússia”. Para além disso, a propaganda reforça que a “língua ucraniana é uma paródia, extraída da língua russa”.

Os autores do artigo de opinião também reforçam que existe uma “história de cooperação entre a Universidade de Coimbra e a Rússia”, através da organização internacional Fundação Russkiy Mir, que foi criada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, no ano de 2007. No entanto, em comunicado enviado ao Observador, a Universidade de Coimbra garante que, após à invasão, “cessou o vínculo com a Fundação Russkyi Mir, que até dezembro de 2021 apoiava o ensino de língua e cultura russa no Centro de Estudos Russos da Faculdade de Letras da UC”.

“Em respeito pelo povo e pela cultura da Rússia, após o corte dessa ligação contratual, o referido Centro de Estudos Russos foi mantido em funcionamento, com recursos próprios da UC, para ensino exclusivo de língua e literatura russa”, lê-se no comunicado, sendo que, ao verificar-se que as atividades letivas do referido Centro de Estudos estariam a “extravasar esse âmbito”, a Reitoria determinou a “cessação imediata do vínculo com o Professor Vladimir Pliassov”.

É exatamente esse tipo de propaganda que Viacheslav Medvediev e Olga Filipova denunciam tem sido divulgada pela Universidade de Coimbra, uma “instituição pública financiada através do orçamento do Estado português” e que serve, entre outros objetivos, para dar uma “falsa legitimação russa para a guerra que a Rússia lançou contra a Ucrânia”.

“A partir de Janeiro de 2023, o site e os corredores da universidade apresentavam os símbolos da Fundação Russkiy Mir, imagens das bandeiras da Federação Russa, do Kremlin”, prosseguem Viacheslav Medvediev e Olga Filipova. Para além disso, dentro da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FCUL), onde se localiza o centro de estudos, podem encontrar-se “imagens da bandeira russa, fotografias do Kremlin e outros símbolos do Estado russo, e referências à Igreja russa, que tem vindo a abençoar o assassinato de ucranianos desde 2014”.

Contudo, apesar destas iniciativas, a Universidade de Coimbra “condenou e condena inequivocamente a invasão da Ucrânia pela Rússia. E desde o dia 24 de fevereiro de 2022 associou-se a iniciativas de recolha de donativos financeiros para apoiar deslocados e refugiados da guerra; disponibilizou o Estádio Universitário e os seus recursos para apoiar a sociedade civil no acolhimento dos que chegaram a Coimbra, integrou no seio da sua comunidade estudantes refugiados aos quais ministrou curso de língua portuguesa, e reforçou os laços de cooperação com a Universidade de Lviv”.