A manifestação convocada pelo Chega como um cerco à sede nacional do PS, em Lisboa, juntava este sábado, perto das 16h00, mais de uma centena de pessoas, mas colocadas a vários metros de distância do edifício. No discurso que fez, André Ventura afirmou que o nome dado à sede do PS não poderia ser melhor: “Largo dos ratos, porque destroem a nossa democracia”.

Ventura falou aos jornalistas, num palanque instalado no local, e disse que “até estava mais gente do que esperava” na “concentração simbólica”, recusando ligar a marcação desta iniciativa ao cancelamento de uma outra do Chega, que pretendia juntar em Lisboa líderes internacionais de extrema-direita, como Jair Bolsonaro, envolvido numa investigação judicial no Brasil.

“Estamos aqui para transmitir uma mensagem política e articulámos a iniciativa com a PSP e a Câmara Municipal de Lisboa”, reiterou, dizendo que o Chega “cumpre as regras”. “Nunca o lugar de uma manifestação foi tão bem escolhido, nem o nome tão bem dado para a sede do PS: largo dos ratos, porque destroem a nossa democracia”, atacou, sugerindo que a sede do PS poderia ser transformada num museu.

Durante a tarde, cerca de vinte agentes da PSP, das equipas de intervenção rápida, acompanhados de várias viaturas, criaram um perímetro de segurança e cortaram a estrada no largo do Rato, onde fica a sede nacional do PS.

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Apesar de afastados da sede do PS e encostados ao muro em frente, as intervenções na concentração do Chega começaram com aplausos às forças de segurança. Ainda sem a presença do presidente do partido, André Ventura, os manifestantes tentaram fazer um cordão humano no espaço que lhes foi reservado, resultando numa espécie de semicírculo, apesar de o ‘speaker’ ter continuado a falar num cerco à sede socialista.

A manifestação estava convocada para as 15h30 e decorreu de forma pacífica, ouvindo-se apenas com gritos de Chega e algumas bandeiras. Quando o presidente do Chega, André Ventura, chegou ao local, faltavam poucos minutos para as 16h00, a agitação aumentou, com gritos: “Direita só há uma, a do Chega e mais nenhuma”.

Junto ao Largo do Rato, a Rádio Observador foi relatando  as movimentações de um evento organizado pelo Chega onde também estiveram alguns deputados do partido, como Filipe Melo, Pedro Pinto, Pedro Frazão. Nas mãos dos manifestantes estavam muitas bandeiras do Chega e alguns cartazes com uma imagem do símbolo do PS (punho fechado) adulterado, com um punhado de notas.

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Na quinta-feira, o presidente e deputado do Chega já tinha dito que o objetivo da manifestação seria “fazer um cerco à sede do PS para mostrar a indignação à forma como tem governado o país”. Ventura acrescentou ter-se reunido com as forças policiais e a Câmara Municipal de Lisboa, esperando “uma manifestação ordeira e pacífica”.

Nas redes sociais, o partido anunciou a iniciativa como um “cerco ao largo do Rato, contra a corrupção e a impunidade do PS”, com fotografias dos ex-governantes José Sócrates e Armando Vara ou do antigo banqueiro Ricardo Salgado e frases como “em Portugal a corrupção tem uma marca” ou “não ao abuso de poder”.

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, e o antigo dirigente socialista Francisco Assis já se insurgiram contra este tipo de manifestação, que classificaram como “antidemocrática”, “inqualificável” ou “vandalismo institucional”, apelando ao repúdio de todos os democratas.

Eurico Brilhante Dias atira ao Chega. Apelo a cerco à sede do PS é “profundamente antidemocrático”