O primeiro-ministro disse esta segunda-feira que o ex-Presidente da República Cavaco Silva “foi alimentar o frenesim da direita de querer criar o mais rapidamente possível uma crise política artificial para não dar tempo a que os portugueses sintam os benefícios da recuperação económica”. “Despiu o fato institucional e de estadista para vestir a t-shirt de militante partidário e fez discurso inflamado para animar as suas hostes partidárias”, disse ainda Costa sobre as declarações de Cavaco Silva neste fim de semana.

Para Costa, “só uma crise política poderia interromper esta dinâmica” da economia. E Cavaco Silva, acrescentou ainda Costa, “é um profundo conhecedor dos ciclos económicos e percebe bem o momento da economia portuguesa que está a dar a volta“. “Para haver crise política ela tem de ser artificialmente criada e precipitada o mais rapidamente possível”, diz sobre as intenções que imputa à direita e a Cavaco Silva.

Sobre os últimos dias, o primeiro-ministro insiste que “o único facto novo foi Cavaco Silva ter descido à terra enquanto militante partidário para vir animar a direita a criar esta crise política artificial”. Diz ainda que a sua “consideração” pelo antigo Presidente “não foi nada beliscada”, dizendo que percebe “bem o dever dos militantes partidários” e que entende “por experiência  própria, que as pessoas nas ações partidárias excedem-se um pouco no que dizem. E mesmo uma pessoa como Cavaco Silva, que é seguramente o político no ativo com mais anos de atividade e experiência, o possa fazer”.

“O que é significativo”, diz Costa, é perceber porque Cavaco falou nesta altura. Na sua interpretação, o primeiro-ministro diz que o antigo Presidente da República “é um dos melhores especialistas nacionais em ciclos económicos e percebe bem qual a dinâmica que a economia está e percebe bem a urgência e o frenesim que a direita tem em criar uma crise política artificial”. Costa encosta, assim, Cavaco à mera “luta político-partidária”.

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“Estamos felizmente a dar a volta à situação económica e isto significa que temos um bom horizonte onde é necessário trabalhar e, para isso, é absolutamente fundamental evitar crises políticas”, diz Costa provocando novamente o Presidente da República, sugerindo um ajuste de contas do Ex-Presidente com a sua posse como primeiro-ministro:

Percebo bem que alguém que tem muitos anos de militância partidária, que teve enorme frustração de concluir o seu mandato presidencial dando posse a um Governo que, de todo em todo, não desejava dar posse, tenha ficado sempre com esta mágoa e volta e meia venha alimentar esta ideia.”

O primeiro-ministro afirma ainda, novamente em tom provocatório, que a si “cumpre-lhe garantir o interesse nacional e não estar preocupado com os interesses da direita mas com o que importa aos portugueses”, voltando a apontar para dados económicos positivos. António Costa falou aos jornalistas à entrada de um almoço comemorativo dos 25 anos da abertura da Expo 98.

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