O secretário-geral da ONU prestou esta quinta-feira homenagem aos 103 “capacetes azuis” que morreram em 2022, classificando os elementos das operações de paz da ONU como um “farol de esperança e proteção” para os civis encurralados em vários conflitos.
Ao comemorar o 75.º aniversário das operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres assinalou que mais de 4.200 “capacetes azuis” foram mortos pela causa da paz, 103 deles no ano passado, provenientes de 39 países dos 125 que contribuem com operacionais para as 12 missões da ONU espalhadas pelo mundo.
Nos últimos 75 anos, mais de dois milhões de “capacetes azuis” serviram sob a bandeira da ONU.
“Para os civis apanhados no inferno do conflito, os nossos ‘capacetes azuis’ são um farol de esperança e proteção. Eles apoiam a segurança, a estabilidade e o Estado de direito nos países anfitriões. Representam o coração pulsante do compromisso das Nações Unidas com a paz”, disse Guterres, na sede da ONU, em Nova Iorque.
Após colocar uma coroa de flores no memorial que homenageia as mulheres e os homens que morreram durante as missões de paz coordenadas pela ONU, Guterres indicou que são 87 mil “capacetes azuis” que enfrentam neste momento uma série de crescentes tensões e divisões globais, com os “conflitos a tornarem-se mais complexos e os processos de paz estagnados”.
“Infelizmente, os nossos soldados da paz estão cada vez mais a trabalhar em lugares onde não há paz para manter. Devemos refletir seriamente sobre a necessidade de uma nova geração de missões de paz e operações de combate ao terrorismo, lideradas pelos nossos parceiros com mandato do Conselho de Segurança da ONU, com financiamento garantido, nomeadamente através de contribuições fixas”, apelou.
Entre os principais problemas enfrentados pelas missões de paz da ONU, o ex-primeiro-ministro português destacou o terrorismo, grupos armados, violência de gangues e crimes transnacionais que “envenenam comunidades, países e regiões inteiras”.
Além disso, também o mundo digital se tornou “numa fronteira assustadora de tensão, divisão, ódio e desinformação”, avaliou o secretário-geral.
Por sua vez, o subsecretário-geral das Nações Unidas para as Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, destacou que o maior desafio das operações de paz é o mesmo enfrentado pelas Nações Unidas: “a crescente divisão” dentro da comunidade internacional, nomeadamente no seio do Conselho de Segurança.
Lacroix criticou as divisões entre as grandes potências no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que estas cisões fragilizam as forças de paz da organização internacional.
Em declarações à imprensa, Lacroix também destacou que os ataques contra os “capacetes azuis” são “cada vez mais violentos e sofisticados” e que há cada vez mais desinformação e informações falsas a serem usadas contra as missões de paz.