A Grécia concluiu esta sexta-feira a transição política provisória com a tomada de posse dos ministros do novo Governo interino, cujo objetivo será assegurar a gestão do país durante um mês até à realização de novas eleições legislativas.

Os principais partidos não conseguiram chegar a acordo sobre uma coligação após as eleições de domingo passado, em que a Nova Democracia (ND), força política do primeiro-ministro conservador cessante Kyriakos Mitsotakis, obteve mais de 40% dos votos, dando origem a um governo provisório chefiado pelo juiz Ioannis Sarmas, até agora presidente do Tribunal de Contas.

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Sarmas é acompanhado na gestão governamental por 15 outras pessoas, que foram empossadas no palácio presidencial.

Segundo reporta a edição online do diário grego Kathimerini, o porta-voz do novo executivo interino, Ilias Siakantaris, disse à imprensa que os ministros empossados irão trabalhar “sem qualquer filiação política”, frisando ainda que serão “totalmente funcionais”.

O executivo interino tem um forte perfil tecnocrático, com Theodore Pelagidis, antigo vice-governador do banco central, a assumir a tutela do Ministério das Finanças.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros será ocupado pelo diplomata Vassilis Kaskarelis, enquanto a pasta da Defesa foi atribuída a Alkiviadis Stefanis, um antigo oficial das Forças Armadas que já foi vice-ministro.

Até à data da nova votação, que, em princípio, deverá produzir uma maioria política clara no parlamento helénico, os partidos políticos voltam à campanha eleitoral.

Ioannis Sarmas, de 66 anos, presidente do Tribunal de Contas, foi nomeado pela Presidente da República grega, Katerina Sakellaropulu, depois do fracasso — pretendido pelos principais partidos — das tentativas para formar um Governo de coligação.

O alto magistrado, que tem nomeadamente um doutoramento em Direitos Humanos concluído em Paris, cumpriu a obrigação de formar um executivo provisório, que terá como único poder aplicar a lei e “organizar as eleições.

Os 300 deputados eleitos reunir-se-ão pela primeira vez no próximo domingo no parlamento, que será dissolvido no dia seguinte, quando a data das eleições for oficialmente anunciada.

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A votação deverá realizar-se muito provavelmente a 25 de junho, como deseja o agora ex-primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.

Ioannis Sarmas, cujo mandato terminará após o próximo escrutínio, sucede a Kyriakos Mitsotakis, o vencedor das eleições de 21 de maio.

Apesar da vitória, Mitsotakis não conseguiu alcançar a maioria absoluta como era seu objetivo e, por isso, apelou imediatamente à realização de novas legislativas.

Mitsotakis está a contar com a atribuição de um bónus de até 50 assentos parlamentares ao partido com o melhor resultado nesse segundo escrutínio, que terá um sistema diferente de contagem dos votos —  uma vantagem que poderá permitir-lhe obter a maioria absoluta, segundo os seus cálculos.

O ex-primeiro-ministro de esquerda Alexis Tsipras, cujo partido, o Syriza, conquistou apenas 71 mandatos parlamentares, reconheceu ter sofrido “um choque doloroso” e “inesperado” no domingo, com apenas cerca de 20% dos votos, menos de metade que o seu principal adversário.

Comprometeu-se, contudo, a “travar uma nova batalha” contra um Governo “todo-poderoso” de direita, “que seria mau para a democracia”.