O Chega quer prolongar os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP e quer que João Galamba e a sua chefe de gabinete, Eugénia Correia, voltem a ser ouvidos. Ainda quer que se participe ao Ministério Públicos o que diz serem “mentiras” prestadas à comissão por parte do ministro das Infraestruturas.

André Ventura, líder do Chega, foi quem anunciou estas propostas do partido. Na audição desta sexta-feira, na qual está o secretário de Estado das Finanças João Nuno Mendes, está presente Filipe Melo, do Chega. Mas foi André Ventura que à margem do plenário anunciou as pretensões do partido.

“Chegámos a uma conclusão que um dos intervenientes estaria a mentir. E isso já o transmitimos. E como entendemos que a probabilidade do ministro João Galamba ter mentido na CPI é bastante elevada, o Chega vai submeter duas propostas: ouvir novamente o ministro João Galamba nesta comissão inquérito à TAP, uma vez que lhe deve ser dada a oportunidade de esclarecer as contradições e mentiras que disse e eventualmente poder corrigi-las nomeadamente sobre os acontecimentos que tiveram lugar no Ministério das Infraestruturas e o recurso ao serviço de informação”.

Além de pedir nova audição a Galamba, o Chega quer voltar a ouvir Eugénia Correia, chefe de gabinete do ministro. Eugénia Correia disse que foi de sua iniciativa que o SIS foi chamado, mas para André Ventura “sabemos hoje que é mentira, ou pelo menos está em contradição com o que disse o chefe governo e o gabinete do primeiro-ministro”.

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Por isso, “decidimos solicitar à comissão que chame novamente estes dois protagonistas”. Mas mais, quer que a comissão envie ao Ministério Público as declarações de João Galamba e António Costa “em profunda contradição, demonstrando mentiras a esta comissão inquérito e é crime mentir numa CPI”, atira, por isso, “a comissão tem o dever de enviar declarações para Ministério Público”. “Há um crime que já está consumado. Houve uma mentira”. O Ministério Público até pode juntar, diz Ventura, ao que já está em investigação. “É impossível que as três versões seja harmonizadas” – a de chefe do gabinete, a do SIRP, a de Galamba e a do primeiro-ministro. “Houve pelo menos uma mentira dada a esta comissão de inquérito”. É, por isso, “justo que os dois possam ser ouvidos novamente”.

Com tudo isto, o Chega quer prolongar a comissão por mais três meses. A comissão tem prazo previsto de encerramento o dia 13 de julho, com votação do relatório. Mas para André Ventura não é suficiente. “Entendemos que o prazo estabelecido para encerramento da CPI não se compadece com diligências que é preciso e com o número de pessoas que é preciso ouvir”. E vai pedir mais três meses de funcionamento, “dadas as diligências e o alcance para sabermos a verdade”. Até porque há ainda elementos para analisar, disse, nomeadamente os elementos da PSP que “ainda não foram objeto de análise” e o telefone de Frederico Pinheiro ainda “não sabemos a informação que contém”. “Não temos condições em mais de uma semana ou duas concluir trabalhos”.

Por isso, “vamos sensibilizar os partidos para se prolongar a CPI”, declarou André Ventura, líder do Chega. Os três meses seriam a começar em setembro. O Chega diz que o pedido é para evitar uma comissão de inquérito às secretas. “Estamos a dar uma última oportunidade ao Governo e ao PS de evitar um mau momento político e sensível que seria uma comissão de inquérito às secretas”. A comissão de inquérito será votada a 14 de junho. “Não vamos descansar enquanto a verdade não se souber”.

A cronologia das cronologias. Todas as “horas e horinhas” de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas (antes, durante e depois)