Mais equilíbrio parecia impossível. Depois das vitórias claras nas meias-finais com Ovarense e FC Porto, Benfica e Sporting iriam discutir entre si o título pela primeira vez em sistema de playoff com a curiosidade de terem dividido entre si os triunfos em dérbis em 2022/23: os encarnados ganharam duas partidas da Liga e uma da Taça de Portugal, os leões venceram dois jogos da Liga e um da Supertaça. Afinal, era possível um pouco mais de equilíbrio – apesar das vantagens do conjunto da Luz que pareciam deixado o jogo controlado, o Sporting passou para a frente a menos de quatro segundos do final mas Aaron Broussard, mesmo em cima da buzina, fez o 85-84 que deu aos encarnados a vitória num jogo 1 com muita polémica à mistura.

Broussard e Ivan Almeida somam metade dos pontos da equipa e Benfica vence Sporting a um segundo do fim

“Como clube, ficámos indignados pela forma como tudo se passou. Independentemente de ser só um jogo, a verdade é que o último lance, que ditou o resultado, é obtido de forma ilegal. Há algo que me faz muita confusão que é perceber como é que três árbitros internacionais não conseguem avaliar uma jogada relacionada com a regra mais básica da modalidade, que são os passos, sendo que um deles estava a quatro ou cinco metros. Só podemos dar dois apoios e o [Aaron] Broussard deu três. E se eu e o clube estamos indignados, eles [jogadores] muito mais porque é o suor, o trabalho e o empenho deles, tudo o que colocaram no jogo, que foi posto em causa. Sentem-se indignados e injustiçados mas na realidade nada mudou. Mostrámos que temos qualidade para ganhar ao Benfica, mesmo num pavilhão hostil e com fatores externos que foram muito fortes”, destacara Nuno Baião, coordenador do Sporting, no lançamento do jogo 2.

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“O jogo 2 vai ser um encontro muito difícil. O Sporting também está a jogar bem, está muito confiante e também quero dar uma palavra aos nossos adeptos porque em momentos em que as coisas não estavam tão bem passaram essa energia que é decisiva depois de uma época muito longa e com muitos jogos. Eles foram decisivos”, tinha comentado Norberto Alves, técnico dos encarnados, à BTV. “Vai ser mais um jogo difícil mas vamos ver o que aprendemos do jogo 1, procurar e reconhecer os nossos erros para podermos jogar melhor no jogo 2″, acrescentara Aaron Broussard, herói da vitória do Benfica no encontro inicial da final.

“Temos de concentrar-nos apenas no que podemos controlar e fazer. Não vamos pensar muito no que aconteceu, vamos olhar para o futuro e focar-nos no que podemos fazer para melhorar a nossa prestação. Já analisámos o primeiro jogo, vamos agora ver o vídeo e teremos um treino de recuperação para fazer algumas correções táticas. As condições são iguais para as duas equipas e temos de saber lidar com elas. Acredito na minha equipa e nos meus jogadores. Mostrámos que somos uma equipa com fibra e carácter, que não desiste e que consegue viver com as adversidades. Demos uma boa imagem do Sporting”, realçara Pedro Nuno, treinador dos leões, já depois das queixas apontadas por Nuno Baião a propósito do jogo 1.

Era neste contexto que chegava uma partida que seria vital para o resto da história do playoff final e que ou deixava o Benfica a apenas um triunfo de revalidar o título nacional ou desviava o fator casa para o Pavilhão João Rocha, que teria as próximas duas partidas (se necessário). No final, e apesar de uma primeira parte em que os encarnados foram melhores, o Sporting conseguiu ser mais frio nos minutos finais depois da viragem no encontro durante o terceiro período que se tornou o momento decisivo para o resto do encontro.

Norberto Alves e Pedro Nuno iniciaram o jogo 2 com os mesmos cinco da partida inicial, incluindo Loncovic em vez de Diogo Ventura para dar as posições de fora a Travante Williams e Marcus LoVett Jr., e foi dos dois bases que nasceu a primeira vantagem acima dos dois pontos, com triplos que colocaram os leões na frente por 8-4. No entanto, seriam os encarnados a assumirem depois a dianteira da partida, com Betinho a fazer um triplo para o 19-14, Broussard a fazer um cesto na passada para o 21-14 e José Barbosa a marcar também de três para um avanço máximo de oito pontos (24-16) antes do 25-21 que fechou o primeiro período.

O segundo quarto começou quase com um triplo com falta de Eddy Polanco numa jogada que empatou de novo a partida e mostrou que as equipas estavam apostadas em arriscar números ainda mais elevados do que no domingo em termos de pontuação, chegando ao terceiro minuto do segundo período com o Sporting na frente por 32-31 mas com vários ataques rápidos com penetrações individuais ou aposta no tiro exterior. Os encarnados acabaram por beneficiar mais dessa cadência de jogo, chegando a uma vantagem máxima de nove pontos (44-35) que foi sendo recuperada pelo inevitável Polanco, a ter várias idas para a linha de lance livre com percentagens altíssimas de eficácia, antes de novo “disparo” para os 48-39 ao intervalo.

Os leões teriam de mudar algo para corrigirem os minutos finais de menor rendimento antes do descanso, com o primeiro sinal dessa viragem a surgir com um parcial de 7-0 logo a abrir com uma grande diferença a nível de agressividade na defesa que dificultava os ataques encarnados. Mais: Carter e Romdhane chegavam às quatro faltas muito cedo num encontro que voltava a estar em aberto entre um lance de cesto e falta de Armwood que colocou os visitantes na frente por 53-51 e um triplo de Ivan Almeida que voltou a virar para 54-53. Norberto Alves ia experimentando diferentes tipos de defesa mas foi o Sporting a sair por cima com um triplo em cima da buzina à tabela de Travante Williams que colocou o resultado em 66-60.

O contexto para os dez minutos finais mudava depois do parcial de 27-12 favorável aos leões no terceiro período, sendo que alguns jogadores começavam a aproximar-se da quinta falta com o que se significava em termos de precauções na defesa ou mesmo mais minutos no banco. Era o momento de aparecerem as figuras das duas equipas, com Toney Douglas a recordar os tempos que lhe valeram uma passagem de sete anos por várias equipas da NBA com quatro triplos e Travante e Armwood (LoVett Jr. fez a quinta falta a 3.10 do fim saindo com 21 pontos) a tentarem responder do outro lado perante as melhorias defensivas dos encarnados que permitiram voltar à diferença de apenas uma posse (73-70) que se manteve até à fase decisiva da partida com muitos nervos à mistura, altura em que se destacou a frieza de Diogo Ventura a comandar a equipa verde e branca e a marcar um triplo que praticamente fechou as contas até ao 93-87 final.