Maria Inês Oliveira começou como aluna aos 11 anos e agora é professora na Escolinha de Língua Portuguesa, que a mãe fundou em 2014 em Portadown, na Irlanda do Norte.

“Estou a adorar. Mas é muito diferente agora, muitas crianças quando chegam não sabem falar português”, contou à agência Lusa a jovem de 21 anos, que é responsável pelos alunos dos 4 aos 7 anos.

Para ajudar, dá primeiro as instruções em inglês e depois exige que as crianças repitam em português porque muitas não praticam em casa.

Maria Inês também tenta acrescentar alguma diversão às aulas, aproveitando a experiência que tem enquanto professora no sistema de ensino britânico.

“Tenho recebido mensagens dos pais a agradecer porque já é possível ver algum progresso e isso vai ajudar na comunicação com os avós”, explicou.

A Escolinha começou como uma solução para a falta de meios do instituto Camões na Irlanda do Norte e de aulas de português no sistema norte-irlandês.

Elisabete Gomes queria que os filhos aprendessem a língua portuguesa e criou esta associação, recrutando professores à base do voluntariado.

Ao longo dos anos, cresceu e mudou várias vezes de instalações, sempre na mesma cidade a cerca de 50 quilómetros de Belfast, mas a adesão também aumentou para além da comunidade portuguesa. 

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Atualmente, diz a fundadora, estão representados quase todos os países lusófonos, o que será refletido numa festa que está a preparar para celebrar o Dia de Portugal, no 10 de junho.

O programa integra momentos musicais de Angola, Timor Leste e Cabo Verde, Brasil, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, abrilhantado com uma atuação de dança irlandesa.

Outra dificuldade que muitos alunos enfrentam é que são fruto de casais mistos, pois os pais têm nacionalidades diferentes, incluindo lituana ou romena, multiplicando os idiomas falados em casa.

Marta Paraíba reconhece que tem a vantagem de o marido também ser português, pelo que os dois filhos, que frequentam a Escolinha, têm a vida facilitada em casa, onde predomina a televisão portuguesa.

Mesmo assim, não facilita e até as mensagens escritas com a filha Leonor, de 12 anos, são em português.

“Às vezes é complicado e a língua vem misturada, mas eu respondo exatamente aquilo que ela respondeu no início, mas corretamente, para ela perceber como é que se escreve”, explicou.

As aulas possibilitam na Escolinha que “tenham algumas bases para escrever e aprendam alguma da história de Portugal, porque na escola normal não aprendem”, acrescentou.