Os 13 marinheiros que se recusaram a embarcar no navio NRP Mondego, em março, alegando razões de segurança, vão conhecer na quinta-feira, às 10h00, as acusações decorrentes dos processos disciplinares abertos pela Armada, indicou à Lusa um dos advogados de defesa.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Graça, um dos advogados dos 13 militares, indicou que os seus constituintes foram notificados para comparecerem esta quinta-feira, às 10h00, na Direção Jurídica da Marinha, na rua do Arsenal, em Lisboa, para conhecerem as acusações.
Paulo Graça adiantou que a defesa não tem, por enquanto, expectativas quanto ao desfecho do processo disciplinar, uma vez que não teve “nenhum tipo de conhecimento” das diligências que a Marinha “terá empreendido para deduzir a acusação”.
“Estamos na expectativa relativamente aquilo que por aí virá. Naturalmente que, depois de os nossos constituintes serem notificados formalmente das acusações e de nós as conhecermos, estaremos em posição de emitir uma opinião”, frisou.
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Questionado se, ainda assim, continuam a achar que o processo disciplinar da Marinha está “ferido de morte”, como tinham defendido em março, Paulo Graça disse que mantém essa opinião.
“A partir do momento em que o senhor almirante chefe do Estado-Maior da Armada [Henrique Gouveia e Melo] proferiu as declarações que proferiu, deu inequivocamente um sinal para toda a estrutura da Marinha relativamente a qual era o sentido que entendia que devia levar o procedimento disciplinar”, referiu.
O advogado disse não estar à espera “que a Marinha faça outra coisa senão tentar confirmar toda a leitura que o senhor almirante fez da situação”.
Interrogado sobre o inquérito criminal da Polícia Judiciária Militar, aberto em março após participação da Marinha, Paulo Graça disse que não teve mais nenhuma novidade desde que o Ministério Público decidiu suspender a audição dos 13 militares, em 20 de março.
“Não temos nenhuma notícia, não sabemos em que ponto está, se foi arquivado… Não sabemos absolutamente nada”, indicou.
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Paulo Graça explicou que esse inquérito se destina a “possibilitar ao Ministério Público saber se deduz uma acusação penal ou não”, podendo até suceder, em teoria, “haver inquéritos que nunca são notificados aos suspeitos e acabam por ser arquivados”.
“Pode teoricamente suceder que o Ministério Público nunca venha a constituir estas pessoas arguidas em processo-crime e arquive a denúncia que a Marinha fez. Mas, enfim, nós não sabemos se isto se passa ou se se vai passar… Estou só a dar uma possibilidade teórica”, frisou.
O advogado acrescentou ainda que os 13 marinheiros “têm estado a desempenhar as suas funções, sem nenhum tipo de novidade, na maior normalidade e sem nenhum tipo de problemas com nenhum deles”.
A 11 de março, o NRP Mondego falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, após 13 militares (quatro sargentos e nove praças) se terem recusado a embarcar alegando razões de segurança. A Marinha participou o sucedido à Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no âmbito de inquérito criminal, tendo também instaurado processos disciplinares.