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Finalizado em 1993, o enorme mausoléu de Silvio Berlusconi, mandado construir pelo ex-primeiro-ministro italiano que morreu na segunda-feira está decorado com elementos geométricos, cestos de pão e fruta e, há quem diga, um telemóvel.

Localizado na mansão do polémico político, a sua Villa San Martino, na comuna italiana de Arcore, o “Volta Celeste” (“Abóbada Celeste”, em português) foi projetado por Pietro Cascella (que morreu em 2008)  a pedido de Berlusconi. Depois da morte do seu pai, em 1989, o fundador do Forza Italia entregou ao escultor e amigo a missão de construir um túmulo onde ele, a sua família e amigos chegados, pudessem ser enterrados quando morressem.

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“Disse-me: ‘Não me faças uma coisa mortuária, com foices, mortes, caveiras, esqueletos, essa parafernália de cemitério’”, recordou Cascella num vídeo disponível no YouTube, cujas declarações são citadas no jornal italiano Corriere Della Sera: “E então eu respondi: ‘Vamos pensar no céu lá em cima’. E fiz esta coisa chamada Volta Celeste”.

Feito em mármore branco dos Alpes Apuanos, o mausoléu é composto por uma grande escadaria que conduz à porta de ferro e pedra do grande salão subterrâneo onde se encontram 36 túmulos. Ao centro, está o sarcófago branco feito para Berlusconi. Para além de cestos de pão e fruta, as paredes estão decoradas com um friso que representa o símbolo da família e dos amigos.

Durante anos circulou a ideia de que nos elementos decorativos estaria também um telemóvel, mas há versões contraditórias sobre a sua existência. O ex-diretor do canal de TV Rete4 que visitou o espaço, duvida: “Telemóvel? Nunca vi. Lembro-de ver os cestos de pão e de fruta, como símbolos de vida, e algumas cabeças, muito bonitas”, cita-o o Corriere Dell a Sera. Emilio Fede descreve um “lugar de paz e de grande serenidade”, entre “choupos, filas de rosas e de tulipas de várias as cores”.

No entanto, numa descrição do mausoléu “faraónico” para receber a “gens berlusconiana” feita pelo jornalista Enrico Deaglio no seu livro “Indagine sul ventennio” surge o telemóvel. “O cliente queria baixos-relevos com anéis entrelaçados como símbolo da família e dos amigos,  frutas, comida e um telemóvel, rosas de cinco pétalas e um motor potente Ruggerini para aquecer e iluminar” todo o espaço. “Fantasias jornalísticas”, respondeu Emilio Fede numa entrevista ao La Stampa.

Apesar de estar concluído desde o início dos anos 90, o monumento continua vazio. De acordo com Emilio Fede a razão baseia-se na lei italiana: “Não se pode enterrar os mortos fora do cemitério e, de facto, a sua mãe, Rosa, repousa agora no cemitério Monumental, no túmulo da família, ao lado do marido, Luigi”, explicou.

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O funeral de Silvio Berlusconi realizou-se esta quarta-feira na Catedral de Milão. O corpo do ex-primeiro-ministro esteve em câmara ardente desde segunda-feira na sua Villa San Martino. O corpo, ao ser cremado, permite que as cinzas sejam depois colocadas no mausoléu.

Segundo o subsecretário da cultura de Itália, Vittorio Sgarbi, o corpo de Berlusconi não pode ser sepultado na Villa San Martino “por uma idiotice”. “Uma lei ridícula, da qual Berlusconi só se apercebeu depois de ter mandado construir o mausoléu, faz o santuário de Cascella continuar a ser uma caixa vazia”, explicou ao Corriere Della Sera.

No entanto, as suas cinzas, tal como as dos pais — que foram recentemente transferidas — poderão ficar no mausoléu que Berlusconi tão orgulhosamente mostrava a altas figuras políticas como o ex-Presidente rursso Gorbachev, que se pode ver aqui, neste vídeo do Corriere Della Sera.