Robert Gottlieb, editor literário cuja carreira foi lançada com “Catch-22” de Joseph Heller e continuou com clássicos vencedores do Prémio Pulitzer, como “Beloved” de Toni Morrison e “The Power Broker” de Robert Caro, morreu esta quinta-feira aos 92 anos.
“Gottlieb morreu de causas naturais num hospital de Nova Iorque”, anunciou em comunicado o Knopf Doubleday Publishing Group.
Robert Caro, que trabalhou durante décadas com Gottlieb nas suas biografias de Lyndon Johnson e foi apresentado com ele no ano passado no documentário “Turn Every Page”, disse num testemunho que “nunca tinha trabalhado” com um editor “tão sintonizado” com o processo de escrita.
“Desde o dia em que, há 52 anos, olhámos juntos para as minhas páginas pela primeira vez, Bob compreendeu o que eu estava a tentar fazer e permitiu-me dedicar o tempo e fazer o trabalho que precisava de fazer”, afirmou Caro num comunicado.
“As pessoas falam-me de alguns dos momentos de triunfo que eu e o Bob partilhámos, mas hoje lembro-me de outros momentos, difíceis, e lembro-me de como o Bob esteve sempre, sempre, lá para mim durante meio século. Era um grande amigo e hoje choro o meu amigo com todo o meu coração”, realçou na nota citada.
Alto e seguro, com cabelo escuro ondulado e óculos de aros escuros, Gottlieb teve uma das maiores tiragens de qualquer editor após a Segunda Guerra Mundial e ajudou a moldar o cânone editorial moderno.
Casado duas vezes, a segunda com a atriz Maria Tucci, teve três filhos.
Os seus créditos incluíram ficção dos futuros prémios Nobel Morrison, Doris Lessing e V.S. Naipaul, romances de espionagem de John le Carré, ensaios de Nora Ephron, thrillers científicos de Michael Crichton e épicos de não-ficção de Caro.
Também editou as memórias de Katharine Hepburn, Lauren Bacall e da editora do Washington Post, Katharine Graham, cujo livro “Personal History” ganhou um Pulitzer.
Gottlieb impressionou tanto Bill Clinton que o antigo presidente assinou um contrato com a Alfred A. Knopf, em parte pela oportunidade de trabalhar com Gottlieb no seu livro de memórias “My Life”.
Nascido e criado em Manhattan, Gottlieb estava tão aberto a “Miss Piggy’s Guide to Life” como às obras de Chaim Potok.
Na sua secretária esteve durante décadas um pisa-papéis de bronze, que lhe foi oferecido quando começou a trabalhar em publicações, gravado com as palavras “GIVE THE READER A BREAK”.