Abril de 1912. Um navio com 2240 passageiros a bordo saiu de Southampton (no Reino Unido) com destino a Nova Iorque. O que aconteceu a este navio é sobejamente conhecido. Há livros, filmes, exposições, museus e documentários a contar a forma como, depois de embater num iceberg, aquele gigante dos mares se afundou, provocando a morte a mais de 1500 passageiros e tripulantes.

No entanto, são escassas as provas materiais do desastre. As poucas que existem foram retiradas do fundo do mar ou ainda permanecem no Atlântico Norte, a cerca de 3800 metros de profundidade. E há pessoas, apaixonadas pela história do navio naufragado mais famoso do mundo, que se dispõem a pagar para visitar museus ou comprar livros sobre o naufrágio e outras que estão dispostas a pagar ainda mais (muito mais) para adquirir objetos que estavam no Titanic ou simplesmente para ver os destroços com os próprios olhos, no fundo do oceano — são os chamados Titaniacs.

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David Concannon é um deles. O advogado e mergulhador já fez várias viagens aos destroços do Titanic e por pouco não era um dos ocupantes do Titan, o submersível da OceanGate que está desde domingo desaparecido e que estava a realizar mais uma expedição ao navio naufragado. “Eu vi coisas que poucos outros verão”, disse Cancannon, citado pelo The Telegraph. Estas viagens não estão ao alcance de todos os bolsos.

Nas expedições organizadas pela OceanGate, cada tripulante paga 250 mil dólares (cerca de 230 mil euros). Para além do preço elevado, existe também um risco associado a uma descida de quase quatro quilómetros, que dura hora e meia. Qualquer problema pode complicar e muito a expedição — como se está a verificar agora com o submergível Titan, que desapareceu no domingo com cinco pessoas a abordo, quando ia visitar os destroços do Titanic.

“Foi tão além de qualquer coisa que eu tinha experimentado na minha vida. Esse navio mítico sobre o qual já ouvimos falar tanto, e lá está ele”, descreveu, maravilhado, Eric Kentley, que também já fez uma viagem ao fundo do Atlântico para ver o navio.

Titanic. Os últimos momentos do navio inafundável que se afundou, em imagens

Os sete museus que existem em todo o mundo sobre o Titanic, como os de Belfast (Irlanda do Norte), Cobh (Irlanda), Southampton (Inglaterra), Branson (Missouri, EUA) ou Pigeon Forge (Tennesse, EUA), somam uma receita anual de milhões de euros. Já o filme Titanic, de 1997, foi durante muitos anos o mais rentável da indústria do cinema, tendo gerado mais de 2,2 mil milhões de dólares em bilheteira (cerca de 2 mil milhões de euros).

A venda de objetos retirados do navio naufragado — e de outros relacionados com a o Titanic — é outra das atividades relacionadas com o naufrágio que chama a atenção de muitos milionários. O violino de Wallace Hartley, o líder da orquestra que terá continuado a tocar enquanto o navio afundava, foi vendido em leilão por 1,1 milhões de libras (1 milhão e 280 mil euros). Outro exemplo: uma planta do navio, desenhado à mão, e que foi usada durante a investigação ao naufrágio, foi vendida por 195 mil dólares (178 mil euros).