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O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) decidiu, esta sexta-feira, abrir uma investigação ao líder do grupo paramilitar Wagner, após Yevgeny Prigozhin ter apelado a uma revolta contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.
“As alegações divulgadas em nome de Yevgeny Prigozhin não têm fundamento. (…) O FSB [serviços de segurança russos] abriu uma investigação por convocação de um motim armado”, referiu o Comité Nacional Antiterrorista da Rússia em comunicado, citado por agências de notícias russas.
Logo após esta tomada de posição do FSB, a procuradoria-geral da Rússia saudou a decisão do FSB em desencadear aquilo que considerou ser um “caso criminal legal e razoável” contra o líder do grupo mercenário. Em comunicado citado pela agência Taas, ficou a saber-se que Prighozhin incorre numa pena entre os 12 e os 20 anos de prisão. “As suas ações terão uma resposta legal”, garante a justiça russa.
Foi ao início da noite desta sexta-feira, hora de Lisboa, que o líder do grupo paramilitar Wagner convocou uma revolta contra o alto comando militar da Rússia, frisando ter 25 mil soldados e instando os russos a juntarem-se a estes numa “marcha pela justiça”.
“Somos 25.000 e vamos determinar por que é que reina o caos no país (…) As nossas reservas estratégicas são todo o exército e todo o país”, frisou Yevgeny Prigozhin numa das várias mensagens de áudio que foi divulgando ao longo do dia, instando “quem se quiser juntar” para “acabar com a confusão”.
No entanto, Prigozhin defendeu-se de qualquer “golpe militar”, alegando estar a liderar uma “marcha por justiça”. “Este não é um golpe militar, mas uma marcha pela justiça, as nossas ações não atrapalham as Forças Armadas”, assegurou, numa mensagem de áudio.
Prigozhin tinha acusado antes o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia. A mensagem de Prigozhin foi acompanhada por vídeo com cerca de um minuto, onde se vê uma floresta destruída, alguns focos de incêndio e pelo menos o corpo de um militar.
O Exército russo negou de imediato a realização de ataques contra acampamentos do grupo Wagner. “As mensagens e vídeos publicados nas redes sociais por Prigozhin sobre alegados ‘ataques do Ministério da Defesa da Rússia nas bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner’ não correspondem à realidade e são uma provocação“, referiu o governo russo em comunicado.
Numa outra reação, o líder do Wagner afirmou que as chefias do grupo decidiram que era preciso parar aqueles que têm “responsabilidade militar pelo país”. “Aqueles que resistirem a isso serão considerados uma ameaça e destruídos imediatamente”, acrescentou Prigojine, prometendo “responder” aos alegados ataques.
Estas fortes acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia. O líder do grupo Wagner tinha referido antes que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, e em Bakhmut, contradizendo as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.