O presidente do BPI disse esta terça-feira que as taxas de juro dos depósitos continuarão a subir, mas que não está disponível para pagar depósitos a qualquer preço, pois quer preservar a rentabilidade do banco.

A [subida] da remuneração dos depósitos está a acontecer”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa aos jornalistas, à margem de um almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal, num hotel em Lisboa, admitindo que a subida “é devagar” pois o banco quer preservar a sua rentabilidade.

“Quero preservar os depósitos dos meus clientes, mas não estou disponível para pagar depósitos a qualquer preço”, afirmou.

Segundo o gestor, atualmente, em termos médios, os depósitos a prazo a um ano têm taxas de juro de 2%, mas sublinhou que isto é nos depósitos “remunerados”.

Sobre se a decisão do Governo de baixar a remuneração na nova série certificados de aforro ajudou a banca a sentir menos pressão sobre os depósitos, o gestor concordou, mas disse que o BPI já vinha sentindo abrandamento na transferência de depósitos para certificados de aforro (pelos limites que os particulares podiam aplicar em certificados de aforro e pela subida dos juros de depósitos que já vinha fazendo, justificou), pelo que “não teve alteração significativa” após essa medida.

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Quanto ao Presidente da República ter pedido um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses, o gestor disse que o BPI “não tem feito um esforçozinho, tem feito um trabalho de casa permanente”.

João Pedro Oliveira e Costa foi esta terça-feira o orador do almoço-debate do International Club of Portugal, tendo afirmado que, perante o aumento das taxas de juro que tem impacto nas prestações da casa ao banco, o BPI vai fazer “o grande esforço de conseguir que todos os portugueses mantenham as suas casas independentemente da evolução taxas de juro” e disse que contará “com a folga financeira” que tem acumulado para isso.

Na sua intervenção, o presidente do BPI frisou ainda, por várias vezes, o trabalho que o banco em outras áreas que considerou que pouco são faladas (referiu os impostos que paga, o aumento dos salários, sobretudo os mais baixos, e o trabalho da Fundação La Caixa), considerando que a banca é muitas vezes culpabilizada de vários problemas, pois é o fácil.

Temos de apontar alguém, estão aqueles tipos ali, apontamos aqueles senhores ali”, disse, afirmando que quando se diz: “todos gastámos 23 mil milhões de euros para salvar bancos” isso “não é verdade, foi para salvar depositantes” e que quatro bancos desapareceram e “dois pagaram tudo e com juros com margem de 5% ao Estado, o BPI e o BCP”, considerando que “há muita ignorância e muita demagogia”.

O gestor relatou que, na altura da pandemia da Covid-19, ouviu a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, dizer na televisão que tinha os armazéns vazios e que fez então um grupo na rede social whats app com presidentes de outros bancos e que angariaram 2,5 milhões de euros entre empresas e particulares.

“Foi uma grande angariação de dinheiro, não foi notícia, ninguém disse nada (..,). Eu não fiz isto para reconhecimento, o reconhecimento é a consciência”, afirmou.

No almoço-debate no International Club of Portugal, João Pedro Oliveira e Silva disse ainda que, apesar da diminuição das transações de casas, não tem havido “diminuição de preços porque não há oferta, não há nova construção” e defendeu que devia haver “um programa de construção de dezenas de milhares de casas”, alavancado em privados com benefícios fiscais.

“Caso contrário não resolvemos o problema, podemos ter paliativos, mas não soluções”, afirmou.