O chefe da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) chegou esta terça-feira ao Japão, para apresentar uma avaliação do plano japonês para descarregar parte da água da central nuclear de Fukushima no oceano.

Rafael Grossi vai encontrar-se com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e com o chefe da diplomacia japonesa, Yoshimasa Hayashi, em Tóquio, antes de se deslocar a Fukushima (nordeste), na quarta-feira, para visitar a central devastada pelo sismo e tsunami que desencadearam o acidente nuclear em 11 de março de 2011.

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O tsunami levou à fusão de três reatores, o pior desastre do pós-guerra no Japão e o mais grave acidente nuclear desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

O acidente provocou fugas radioativas que obrigaram dezenas de milhares de habitantes das zonas circundantes a Fukushima a fugir das suas casas, em muitos casos para sempre.

Os trabalhos de descontaminação e de desmantelamento da central deverão prolongar-se por várias décadas, mas o Japão vê-se confrontado com o problema imediato de armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água proveniente da chuva, das águas subterrâneas ou das injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares no local da central, que se aproxima do ponto de saturação.

O Governo japonês tenciona descarregar a água no oceano depois de a tratar com um sistema de descontaminação que elimina todos os elementos radioativos, exceto o trítio, e de a diluir.

Japão quer filtrar e libertar para o oceano água contaminada de antiga central nuclear. Reguladores já aprovaram o plano

O projeto já foi aprovado pela AIEA, mas o Governo japonês afirmou que as descargas só vão começar depois de uma “revisão completa”, cujos resultados Grossi deverá apresentar agora.

“A análise da AIEA, que é a autoridade em matéria de gestão e aplicação das normas de segurança nuclear, é essencial para os nossos esforços no sentido de promover a compreensão internacional”, declarou o porta-voz do Governo, Hirokazu Matsuno.

Mas o plano foi alvo de fortes críticas por parte da China, enquanto na Coreia do Sul os preços do sal — que contém iodo, usado para tratar exposição radioativa — subiram em flecha devido aos receios de contaminação radioativa na sequência da libertação da água de Fukushima no oceano.

As comunidades piscatórias de Fukushima também receiam que os clientes boicotem as capturas da zona, apesar dos rigorosos protocolos de controlo dos alimentos provenientes da região.

O Japão disse que a libertação ia começar este verão, sem dar mais pormenores, e Hirokazu Matsuno indicou que esse calendário continuava em vigor.

“Explicaremos e comunicaremos exaustivamente, tanto a nível nacional como internacional, os pormenores do relatório da AIEA, os nossos esforços para garantir a segurança e as medidas contra os danos à reputação” do Japão, sublinhou o porta-voz do Governo nipónico.