O Presidente iraniano Ebrahim Raissi criticou esta quarta-feira em Kampala o Ocidente por “tentar acabar com a raça humana” ao “promover a homossexualidade”.

Raissi, que chegou esta quarta-feira a Kampala, segunda etapa de uma visita a África de um chefe de Estado iraniano, a primeira em 11 anos, fez a alegação dois meses depois de o Uganda ter promulgado uma lei “anti-homossexualidade” considerada das mais repressivas do mundo.

“O Ocidente está agora a tentar promover a ideia da homossexualidade e, ao promover a homossexualidade, está a tentar acabar com a raça humana”, afirmou o Presidente Raissi após uma reunião com o homólogo ugandês, Yoweri Museveni.

No passado mês de maio, o Presidente Museveni, que governa o Uganda com mão de ferro desde 1986, promulgou uma lei que prevê penas severas para as pessoas que tenham relações homossexuais e que “promovam” a homossexualidade.

O crime de “homossexualidade agravada” é punível com a morte, uma pena que não é aplicada há anos no Uganda.

A promulgação da lei provocou uma onda de indignação por parte das organizações de defesa dos direitos humanos e de muitos países ocidentais.

Raissi manifestou igualmente o seu apoio ao homólogo ugandês relativamente a um projeto de construção de uma refinaria de petróleo que o Uganda pretende construir após a exploração de jazidas no lago Alberto.

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O projeto, que inclui igualmente a construção de um oleoduto de 1.443 quilómetros, deparou-se, no entanto, com a oposição de ativistas e grupos ambientalistas que consideram que o mesmo ameaça o frágil ecossistema da região e as populações que aí vivem.

“No que diz respeito à energia e ao petróleo em particular, a República do Irão está disposta a partilhar a sua experiência com o Uganda em matéria de refinarias e de serviços técnicos e de engenharia”, assegurou Raissi.

Os países ocidentais não querem “ver países com grandes recursos e reservas nacionais tornarem-se independentes”, acrescentou.

O Presidente iraniano está a visitar três países do continente – Quénia, Uganda e Zimbabué – numa altura em que Teerão procura quebrar o seu isolamento diplomático encontrando novos aliados na cena internacional.

Raissi, que se encontrou esta quarta-feira de manhã com o seu homólogo queniano William Ruto em Nairobi, chegou a Entebe, no Uganda, à tarde.

Na quinta-feira, Raissi deslocar-se-á a Harare, no Zimbabué, para se encontrar com o Presidente Emmerson Mnangagwa.

Nos últimos meses, África tornou-se um campo de batalha diplomático mais intenso entre o Ocidente e a Rússia, que têm estado em desacordo desde a invasão russa da Ucrânia e que estão a tentar conquistar os países africanos para o seu lado, os quais foram duramente afetados pelos aumentos acentuados dos preços dos alimentos e de outros produtos desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022.

Em Teerão, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, descreveu a viagem como um “novo ponto de partida” para reforçar os laços económicos e comerciais entre Teerão e os países africanos”, acrescentando que o Irão e os três países visitados partilham igualmente “pontos de vista políticos comuns”.

Ao mesmo tempo, Teerão reforçou os seus laços com a China e a Rússia, no âmbito de uma estratégia orientada para leste, enquanto as relações com o Ocidente permanecem tensas, apesar das conversações indiretas com Washington, nomeadamente sobre questões nucleares.

Na semana passada, o Irão aderiu à Organização de Cooperação de Xangai (OCX), uma estrutura regional criada em 2001, da qual a China e a Rússia são membros fundadores.

Depois de visitar a Indonésia, Raissi visitou, em junho, três “países amigos” da América Latina – Venezuela, Nicarágua e Cuba – onde denunciou “as potências imperialistas”, em particular os Estados Unidos da América.