O objetivo principal é devolver à Ucrânia as crianças que foram transferidas para a Rússia desde o início da guerra. Uma vez que Kiev e Moscovo recusam falar entre si, Arábia Saudita e Turquia estão a mediar negociações secretas há vários meses. Entre a equipa de negociadores, está Roman Abramovich, antigo dono do Chelsea, o clube de futebol inglês, segundo avança o Financial Times.

No final de abril, o Papa Francisco falou na existência de um grupo secreto que estaria a tratar deste assunto, no qual o Vaticano também estava envolvido. Agora, segundo o FT, todo o processo de negociação — que dura há vários meses — tem de passar por mediadores, já que Rússia e Ucrânia não comunicam entre si.

“Não há comunicação com o lado russo”, afirmou Daria Herasymchuk, comissária dos direitos da criança no Governo de Volodymyr Zelenskyy. “Além disso, estamos convencidos de que não pode haver conversas, porque não se trata de troca de prisioneiros de guerra, são civis, são crianças.”

Apesar disso, os dois países estarão já a criar uma lista com os nomes das crianças que foram entregues a famílias russas ou a instituições desde a invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022. Até à data, cerca de 370 crianças regressaram às suas famílias de origem, embora as estimativas apontem para mais de 6 mil menores ucranianos transferidos para a Rússia.

Os casos não são todos iguais e, em alguns deles, são familiares pró-Rússia que levaram as crianças para o outro lado da fronteira. É por isso que a mediação é sensível e, segundo as fontes do Financial Times, é preciso ver caso a caso o que é melhor para cada criança.

“Isso é muito delicado, ninguém confia em ninguém. É preciso um órgão independente que tenha os dados de todas as crianças e que seja aceite por ambos os países”, disse uma das fontes envolvida nas negociações.

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