Miguel Álvaro Pereira, de 34 anos, foi detido em Istambul (Turquia) por “parecer gay”. A detenção foi motivada pela sua “aparência”, segundo a polícia, e durou 19 dias. O sul-africano com cidadania portuguesa contou tudo num vídeo no Instagram, onde se mostra ainda bastante perturbado com a experiência.
Chegou a Istambul como turista no dia 23 de junho e foi detido dois dias depois, após pedir informações a um polícia. Esteve cinco horas dentro de uma carrinha até lhe explicarem que o prenderam porque pensavam que ele ia participar na marcha LGBTI+ que decorria no fundo da rua onde se encontrava. Miguel é homossexual, mas nem sabia o que se passava no país.
Só ao fim de 13 horas na carrinha é que foi levado para a esquadra de Taksim, em Istambul, juntamente com um russo, um iraniano e outros cidadãos turcos. Da esquadra seguiu para o centro de detenção de imigrantes de Tuzla e daí, depois de 17 horas numa carrinha para a prisão de Sanliurfa, a poucos quilómetros da fronteira com a Síria, onde estão presos criminosos que os ameaçaram durante todo o tempo.
Conta que esteve dias sem dormir, sem comida e praticamente sem água. Na prisão foram deixados numa cela suja de fezes e urina por todo o lado, incluindo nos lençóis.
Só conseguiu contactar a família na primeira semana de julho, de acordo com o Público. Foi ajudado pela organização Istanbul Pride e deportado para Portugal no dia 13 de julho. Atualmente, está no Brasil onde é professor. Não teve ajuda, nem recebeu qualquer telefonema por parte da Embaixada de Portugal na Turquia, diz.
Na Turquia não existe legislação específica contra as pessoas LGBTI+, mas as manifestações e reuniões públicas são reprimidas e a defesa da moralidade e ordem pública é muitas vezes usada para justificar a ação da polícia.