Numa altura em que alguns construtores defendem que a continuidade dos motores de combustão passa por combustíveis renováveis, a Bentley aproveitou a edição deste ano do Festival de Velocidade de Goodwood para demonstrar que essa é uma solução viável, com a vantagem (para o construtor) de não implicar qualquer alteração nas mecânicas. Como? O segredo está na palha, a principal matéria-prima daquilo a que o fabricante de Crewe chama de “biocombustível sustentável de segunda geração”.
Convenhamos que não é todos os dias que se vê um Bentayga com um reboque carregado de fardos e quando essa imagem, que só por si chama a atenção, surge atrelada a um recorde, pode parecer estranho, mas faz todo o sentido. Foi isso que aconteceu no dia que antecedeu a abertura do festival, quando a Bentley estabeleceu um recorde não oficial com um Bentayga Extended Wheelbase (EWB), a versão com maior distância entre eixos do SUV britânico, que tinha a particularidade de estar atrelado a um reboque. E em cima deste nada mais nada menos que 2,5 toneladas de palha.
A carga serviu para chamar a atenção para o potencial dos biocombustíveis e, de caminho, estabelecer uma nova marca na subida da curta rampa. Bastou 1 minuto e 21 segundos para levar a palha da linha de partida à de chegada, no que constitui o tempo mais rápido para um automóvel e um reboque na célebre rampa. Porém, o registo não é oficial porque, “por motivos de segurança”, a subida da colina decorreu antes do arranque do evento e não no âmbito deste.
Mas, para o construtor de luxo do Grupo Volkswagen, o objectivo foi cumprido: a Bentley demonstrou que vale a pena carregar palha. Segundo a marca, as 2,5 toneladas que o Bentayga deslocou dariam para produzir combustível para percorrer 1770 km, com uma redução do impacto de emissões de dióxido de carbono estimada em 85%, comparativamente à gasolina convencional. A exibição da Bentley visou ainda chamar a atenção para o progresso operado da 1.ª para a 2.ª geração do combustível 100% renovável. “Ao contrário dos biocombustíveis de primeira geração, que são produzidos a partir de culturas alimentares cultivadas em terras aráveis, os biocombustíveis de segunda geração utilizam produtos residuais, incluindo resíduos agrícolas e florestais e subprodutos da indústria alimentar”, realçou o fabricante, defendendo que essa mudança acaba com o dilema “alimentos versus combustível” associado aos biocombustíveis de primeira geração, aproveitando resíduos que de outra forma acabariam por ser eliminados.
O Bentayga EWB está equipado com um V8 a gasolina de 4,0 litros sobrealimentado que desenvolve mais de 135 cv por litro, debitando uma potência de pico de 550 cv (404 kW) e um binário máximo de 770 Nm às 2000 rpm. Para a exibição em Goodwood, o SUV que anuncia 4,6 segundos de 0 a 100 km/h e uma velocidade de ponta de 290 km/h, puxou um reboque Ifor Williams com ligeiras modificações, do aumento da pressão dos pneus a uma estrutura aparafusada para fixar a carga.