A queixa da PSP sobre o cartoon Carreira de Tiro, emitido pela RTP, foi recebida a 10 de julho pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), confirmou esta quinta-feira a Lusa. Fonte oficial do regulador dos media confirmou à Lusa que “recebeu, a 10 de julho, uma participação da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) referente à emissão de um vídeo”, com o título Carreira de Tiro pela RTP, anunciando que vários cidadãos também apresentaram reclamações quanto ao cartoon sobre alegadas práticas racistas nas forças de segurança.

“Essa [a da PSP] e outras participações submetidas por cidadãos encontram-se em apreciação pelos serviços da ERC”, disse a mesma fonte, referindo que “quando houver uma decisão a respeito das mesmas, a ERC procederá como habitualmente à sua divulgação pública no seu sítio eletrónico“. Em 13 de julho, o diretor nacional da PSP, Manuel Magina da Silva, admitiu ter sido “uma decisão difícil” apresentar queixa-crime contra a RTP por causa de um cartoon alegadamente sobre racismo nas forças de segurança.

“Não é isso que gostaríamos de fazer, como é lógico, com qualquer órgão de comunicação social“, disse, na altura, Magina da Silva aos jornalistas à margem da inauguração do Museu da PSP em Lisboa. Para o ilustrador André Carrilho, cofundador, juntamente com João Paulo Cotrim, do Spam — responsável pelo cartoon em causa —, a queixa “não faz sentido“, uma vez que o cartoon “não tem nada a ver com a PSP nem com a realidade portuguesa”.

“Nós trabalhamos para a RTP desde 2017 e o cartoon é sempre feito num contexto de atualidade nacional e internacional, neste caso é internacional. Tem a ver com a ocorrência em França, da morte de um jovem francês às mãos da polícia que depois deu origem a vários tumultos pelo país inteiro”, explicou André Carrilho à Lusa, no início do mês.

Morte de jovem de 17 anos pela polícia causa distúrbios nos arredores de Paris

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