Milhares de israelitas voltaram às ruas de Telavive esta quinta-feira à noite, três dias depois de o parlamento ter aprovado uma das leis fundamentais da polémica da reforma judicial que reforça os poderes do executivo. As manifestações acontecem no mesmo dia em que a agência de notação financeira Standard & Poor’s alertou para o impacto negativo da reforma na economia do país. Os organizadores do protesto sublinharam em comunicado: “Devemos lutar juntos contra a destruição do Estado de Israel“.

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Com bandeiras e buzinas, os manifestantes reuniram-se nas principais avenidas de Telavive, enquanto aumenta o receio de que a polícia, reforçada com canhões de água e oficiais a cavalo para reprimir os protestos, utilizará mais força. O Parlamento israelita aprovou na segunda-feira uma parte essencial da reforma judicial proposta pelo Governo de coligação e Benjamin Netanyahu, apesar dos protestos de vários quadrantes políticos e sociais. A reforma determina mudanças radicais que aumentam os poderes do Governo na área judicial, limitando a capacidade de o Supremo Tribunal contestar decisões parlamentares e alterando a forma como os juízes são selecionados.

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Netanyahu e os seus parceiros de Governo, incluindo os provenientes dos setores da extrema-direita religiosa, alegam que as mudanças são necessárias e, desde o início, deram sinais de que não iriam alterar a sua postura, apesar dos fortes protestos sociais. O executivo liderado por Netanyahu é o Governo mais à direita da história de Israel. Entretanto, grupos da sociedade civil interpuseram recursos no Supremo Tribunal, contra o que consideram uma “lei inconstitucional“, pois a legislação anula o “princípio da razoabilidade”, que permitia ao Supremo Tribunal rever e anular as decisões do governo que considerasse não razoáveis.

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Os organizadores dos protestos anunciaram que pretendem intensificar as manifestações até que o Supremo Tribunal de Justiça analise estes recursos, em audiência marcada para setembro. A agência de notação financeira Standard & Poor’s alertou esta quinta-feira que a polémica reforma judicial promovida pelo governo de Israel afetará negativamente a economia do país, para a qual calcula um crescimento de 1,5% em 2023, depois de 6,5 % em 2022.

“No curto prazo, esperamos que a incerteza política continue a combinar com um desempenho económico mais fraco com os principais parceiros comerciais de Israel na Europa e nos Estados Unidos, bem como uma política monetária mais rígida, que fará com que o crescimento económico de Israel desacelere“, destacou a agência. O ministro das Finanças, o ultranacionalista Bezalel Smotrich, rejeitou, por sua vez, a posição da agência, garantindo que não é a reforma, mas os protestos, que estão “a gerar instabilidade”.