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A cimeira Rússia-África arrancou esta quinta-feira na cidade russa de São Petersburgo. Com chefes de Estado, de governo, ministros ou diplomatas, de 49 dos 55 Estados membros da União Africana, o encontro foi marcado pelo problema do acesso aos cereais russos e ucranianos, uma semana e meia depois de a Rússia ter suspendido o acordo dos cereais do Mar Negro.

No seu discurso, Vladimir Putin defendeu a importância de reduzir a dependência do continente africano pelos cereais europeus, anunciando que tem mantido conversas com os homólogos africanos para modificar tal cenário.

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“Tenho tido conversa com os homólogos africanos que me têm dito que África precisa de tecnologia e capacidade para se tornar também produtora de alimentos”, disse o Presidente russo, acrescentando que a Rússia pode ser um parceiro nessa estratégia.

Vladimir Putin relembrou ainda que atualmente muitas empresas russas têm projetos com vários países africanos com relações em que ambos os países ganham. Nomeadamente relacionados com tecnologia e com o aumento da capacidade de produção da eletricidade nessas nações.

Ainda sobre o tema, o presidente anunciou que a Rússia pode substituir a Ucrânia como fornecedor de cereais a África e que poderá enviar gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais a seis países africanos nos próximos quatro meses. “Nos próximos três a quatro meses estaremos prontos para fornecer gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais ao Burkina Faso, Zimbabué, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia”, afirmou o líder russo na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, em São Petersburgo.

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Em resposta ao anúncio, o Presidente do Zimbabué agradeceu a oferta, mas garantiu que o seu país tem “segura alimentar” e não precisa de ajuda, não tendo “qualquer défice de cereais”.

“Temos segurança alimentar, ele está apenas a acrescentar ao que já temos”, disse Emmerson Mnangagwa durante a cimeira, citado pela Sky News.

Já o presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Burkina Faso considerou a oferta de cereais de Putin “uma coisa muito boa”. “A África precisa destes produtos vitais hoje em dia”, afirmou.

A segunda cimeira entre a Rússia e os países africanos vai decorrer até sexta-feira. Espera-se que seja assinado um “plano de ação até 2026” e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.

Contudo, para Moscovo, o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram na ONU, e do fim do acordo dos cereais.

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