Uma das coisas que mais impressionava em Michael Phelps e em todos os outros extraterrestres que temos dúvidas que sejam humanos perante um pescoço com mais medalhas do que alguma vez conseguiram sonhar é a capacidade que tinham para fazer uma prova, sair da piscina, ir à zona de entrevistas rápidas, passar de fugida pelo balneário, mergulhar na piscina de aquecimento, regressar ao balneário e preparar-se para mais uma apresentação antes de nova competição. Para eles, quase Eles, é apenas mais um dia no trabalho. Num caso mais recente, Caeleb Dressel chegou a bater um recorde do mundo às 10h31, a receber a medalha às 11h05, a vencer umas meias às 11h16 e a alcançar nova final às 11h43 numa manhã em Tóquio. A uma escala mais pequena mas com grande dimensão para o próprio, foi isso que aconteceu com Diogo Ribeiro.

Mais história numa história que está a começar: Diogo Ribeiro conquista medalha de prata nos Mundiais absolutos

O jovem nadador de 18 anos, que se tornou esta semana o primeiro atleta nacional de sempre a conquistar uma medalha em Mundiais absolutos de natação com a prata nos 50 metros mariposa, regressou esta manhã (em Fukuoka, madrugada em Portugal) às piscinas depois do décimo registo nos 100 metros livres para fazer duas provas das eliminatórias. No final, teve sucesso em ambas: primeiro conseguiu ser terceiro na série 8 das eliminatórias dos 100 metros mariposa com 51,57 (registo próximo do seu recorde nacional de 51,45) e rumou com o 12.º melhor tempo às meias-finais da distância; 45 minutos depois, o atleta do Benfica voltou à piscina para ser quinto na série 12 dos 50 metros livres com 22,05 (o seu recorde nacional está em 21,87), o que lhe conferiu o 16.º e último registo de acesso às meias-finais da especialidade. Tudo numa hora.

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Se nas eliminatórias a distância entre provas tinha sido de 45 minutos, agora seria de pouco mais de meia hora. Na primeira competição, Diogo Ribeiro terminou a primeira meia-final dos 100 metros mariposa no sexto lugar melhorando ligeiramente o tempo das eliminatórias para 51,54, o que lhe valeu o 13.º tempo no acumulado das duas séries. Dare Rose (EUA, 50,53), Maxime Grousset (França, 50,62), Josh Liendo (Canadá, 50,75), Matthew Temple (Austrália, 50,89), Gal Cohen Groumi (Israel, 50,98), Nyls Korstanje (Países Baixos, 50,98), Katsuhiro Matsumoto (Japão, 51,16) e Noe Ponti (Suíça, 51,17) seguem para a final.

Depois da janela que deu medalha, a final ficou à porta: Diogo Ribeiro termina com o 10.º melhor tempo nos 100 metros livres dos Mundiais

De seguida, nos 50 metros livres, o filme foi muito idêntico: o português de 18 anos acabou em quinto a primeira meia-final com um tempo um pouco abaixo das eliminatórias mas sem baixar da fasquia dos 22 segundos (22,03), ficando no geral também com o 13.º registo acumulado mas com a nuance de, ao contrário dos 100 metros mariposa, poder entrar na final caso chegasse ao seu recorde. Cameron McEvoy (Austrália, 21,25), Jack Alexy (EUA, 21,60), Benjamin Proud (Grã-Bretanha, 21,61), Issac Cooper (Austrália, 21,65), Jordan Crooks (Ilha Caimão, 21,73), Leonardo Deplano (Itália, 21,74), Kristian Gkolomeev (Grécia, 21,85) e Josh Liendo (Canadá, 21,88) foram os oito mais rápidos da distância nas meias-finais.

“Ainda não acredito. Sabia que podia sonhar”: a emoção de Diogo Ribeiro após a histórica medalha de prata nos Mundiais

Camila Rebelo, que terminara em 24.º as eliminatórias dos 100 metros costas, conseguiu também o acesso às meias-finais nos 200 metros costas após acabar em sexto na série 3 com o tempo de 2.11,80, ainda longe do recorde nacional que bateu em Palma de Maiorca em março e que lhe valeu a qualificação olímpica para Paris, ficando com o 15.º melhor registo da distância. Nas meias-finais, a nadadora da Louzan ficou em oitavo da segunda série com o registo de 2.12,47, o que lhe conferiu a 15.ª marca entre as semi-finalistas. Xuwei Peng (China, 2.07,40), Regan Smith (EUA, 2.07,52), Kaylee McKeown (Austrália, 2.07,89), Katie Shanahan (Grã-Bretanha, 2.08,32), Kylie Masse (Canadá, 2.08,51), Laura Bernat (Polónia, 2.08,96), Rhyan White (EUA, 2.09,13) e Jenna Forrester (Austrália, 2.09,74) foram as oito apuradas para a final.

Também esta madrugada nos 50 metros livres, Miguel Nascimento nadou na série 12 das eliminatórias com Diogo Ribeiro mas acabou na sétima posição com o tempo de 22,38, ficando assim com o 34.º registo e fora das meias-finais numa prova que tinha um total de 123 nadadores inscritos entre 13 séries. Já Tamila Holub foi décima e última classificada na série 3 com o tempo de 8.42,90, ficando com a 25.ª marca sem acesso à corrida decisiva onde estarão Katie Ledecky (EUA, 8.15,60), Bingjie Lie (China, 8.20,51), Erika Fairweather (Nova Zelândia, 8.21,06), Ariarne Titmus (Austrália, 8.21,25), Lani Pallister (Austrália, 8.21,38), Simona Quadarella (Itália, 8.21,65), Isabel Gose (Alemanha, 8.21,71) e Jillian Cox (EUA, 8.22,20).