Foi uma longa espera de mais de três décadas mas no final valeu a pena. O mítico Alexandre Yokochi tinha sido o primeiro a chegar a uma decisão individual em Campeonatos do Mundo de natação, com um até agora histórico quinto lugar nos 200 metros bruços em 1986 (Madrid), e houve depois os brilharetes de Ana Barros (oitavo posto nos 50 metros costas) e da estafeta dos 4×50 metros livres com Paulo Camacho, Paulo Trindade, Artur Costa e Diogo Madeira (sétima posição) no ano de 1991 (Perth). Daí para cá, Portugal não mais tinha estado representado numa corrida decisiva em absolutos. Até que chegou Diogo Ribeiro.

Afinal, era tudo um começo: Diogo Ribeiro qualificado para a final dos 50 metros mariposa dos Mundiais

O jovem nadador de 18 anos teve um 2022 de sonho, com uma medalha de bronze nos 50 metros mariposa dos Europeus absolutos de Roma e três medalhas de ouro nos Mundiais de juniores de Lima, com um outro ponto relevante de ter fixado um novo recorde mundial júnior dos 50 metros mariposa (22,96). Já este ano, alcançou mais um objetivo ao tornar-se o primeiro português a garantir mínimos para os Jogos Olímpicos de Paris. No entanto, os olhos estavam centrados nos Mundiais de Fukuoka. E foi aí que voltou a brilhar.

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O atleta do Benfica tinha conseguido o sexto melhores registo das eliminatórias com 23,14 e foi depois o sétimo mais rápido nas meias-finais (quinto da série) com o tempo de 23,04, alcançando assim a primeira final em Mundiais absolutos naquela que é também a sua participação na prova. Tudo o que pudesse surgir a partir desse ponto era a somar, sendo que o sonho das medalhas podia não passar disso mesmo olhando para os restantes qualificados como o francês Maxime Grousset, prata nos Mundiais de 2022, o italiano Thomas Ceccon, com duas medalhas olímpicas nas estafetas e um ouro nos Mundiais nos 100 metros costas, ou Dare Rose, a nova revelação norte-americana na distância. Muitos tubarões para quem quer ser tubarão.

Para se ter noção das dificuldades, se Diogo Ribeiro conseguisse igualar o recorde mundial júnior de Lima, no ano passado, não passaria do sexto melhor tempo das meias-finais, que tiveram Grousset como o mais rápido (22,72). No entanto, parece não haver impossíveis para o português e chegou mesmo à medalha que à partida seria uma missão muito complicada: mesmo a nadar na pista 1, Diogo Ribeiro bateu o máximo pessoal, nacional e mundial júnior na distância com o tempo de 22,80, sendo apenas superado por Ceccon (22,68) e batendo Grousset que não foi além do bronze (22,82). O britânico Jacob Peters foi o quarto com 22,84, seguindo-se o compatriota Benjamin Proud (22,91), Dare Rose (23,01), o austríaco Simon Bucher (23,26) e o egípcio Abdelrahman Sameh (23,24, bem longe do que fizera nas meias-finais).

Pela terceira vez Portugal tinha um atleta numa final individual dos Mundiais absolutos (juntando masculino e feminino), pela primeira vez Portugal conseguiu uma medalha em Mundiais absolutos. E tudo graças a um nadador que tem 18 anos e que não tem limites para o sonho de conseguir sempre algo mais.

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