Ainda que não seja “bafejado pela sorte da fé”, António Costa não tem qualquer dúvida não só sobre o “valor imaterial imenso” da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa como os “ganhos que vão ficar” para o futuro por não se tratar de um “investimento [que] não é para um evento de cinco dias”.
“Quantas vezes é que os municípios já cederam terrenos para construção de igrejas ou terrenos para construção de templos de outras religiões como mesquitas ou sinagogas?”, questionou o primeiro-ministro enquanto visitava o Parque Tejo ao lado de Carlos Moedas e Ricardo Leão, presidentes das câmaras de Lisboa e Loures. Aos olhos de Costa é preciso “respeitar e apoiar” todas as religiões, particularmente por não ser possível “.ignorar que uma parte muito significativa da população profere a crença católica”
“Não fui bafejado pela sorte da fé, não sou crente, mas a laicidade significa respeitar todas as crenças e agir em conformidade”, disse, mostrando “tranquilidade” para falar sobre o tema dos valores gastos num evento realizado pela Igreja católica.
De visita ao Parque Tejo, António Costa compara a Jornada Mundial da Juventude com a Expo 98 ou com o Europeu de futebol de 2004 para dizer que há “ganhos que vão ficar” após 6 de agosto e que “o investimento não é para um evento de cinco dias” — “Os frutos desta Jornada prolongar-se-ão por anos.”
“Cada coisa tem o seu custo”, sublinha o primeiro-ministro em comparação com eventos como a final da Liga dos Campeões, para defender que “não podemos viver sempre em função do que é o custo, mas também do benefício” e que “um evento desta natureza tem um valor imaterial imenso”. É de realçar também o “o que fica para depois”, nomeadamente “um território que foi a este pretexto finalmente transformado”, numa referência ao Parque Tejo.
Para o chefe do Executivo, “a valorização do território tem um ganho económico e social enorme e o evento em si tem um efeito catalisador e um retorno imediato, com centenas de milhares de pessoas que vão estar a consumir em restaurantes e cafés”. António Costa referiu ainda que “é preciso muita imaginação para ver problemas onde vamos ver satisfação”.
Realçando que Portugal “só se pode sentir honrado” pelo facto de o Papa Francisco ter escolhido Lisboa para a JMJ de 2023, o chefe de Governo reforça a ideia de que “a convocatória do Papa Francisco” é fundamental para a “reflexão” num “período onde a humanidade enfrenta mudanças decisivas para as próximas gerações”.
Mais do que isso, destaca a “projeção internacional do país” num evento deste género: “Não tem só a ver com ganho imediato , é todo o ativo que fica para o futuro.” E exemplifica que a “curva do turismo” em Portugal teve “um salto depois da Expo 98 e depois do Euro 2004”. “Eventos como este têm uma projeção inimaginável para o país”, insiste, sublinhando que Portugal se afirma também como um “país capaz de organizar eventos desta dimensão”.
“Temos boas razões para estarmos confiantes”
Pouco antes, numa visita ao centro de coordenação de segurança, António Costa fez uma breve declaração no final da visita para deixar uma palavra de confiança para os próximos dias. “Tudo foi devidamente planeado, articulado e preparado para que a tranquilidade seja assegurada, a segurança garantida e que tudo possa correr bem”, afirma, acrescentando que há diferentes forças e serviços prontos em todo o território nacional.
O primeiro-ministro salientou que “tudo tem vindo a decorrer com total normalidade” e deixou uma mensagem sobre os próximos dias: “Temos boas razões para estarmos confiantes sobre o trabalho de preparação e o estado de prontidão de forças e serviços para responder a qualquer eventualidade.”
No seguimento, o chefe do Governo reconheceu ainda que “obviamente, num evento desta dimensão, haverá sempre algum problema — alguém terá de ser socorrido pelo INEM, aqui e ali haverá um carteirista que requer especial atenção, aqui ou ali um pequeno desacato, é necessário regular o tráfego”, mas assegura que está tudo pronto para qualquer eventualidade.