Uma baleia-azul pode medir 30 metros e pesar quase 200 toneladas. Até agora, era o animal mais pesado que alguma vez existiu na Terra e um dos mais compridos, a par com o maior dos dinossauros conhecido, o Argentinosaurus (que teria até 35 metros e pesaria até 90 toneladas). Os reis dos pesos pesados do mundo animal podem agora ser destronados pela baleia pré-histórica Perucetus colossus, que mediria cerca de 20 metros, mas teria entre 85 e 340 toneladas (numa média de 180 toneladas), conforme os resultados publicados na revista científica Nature.
A estimativa tão abrangente (de 85 a 340 toneladas) também se justifica porque os cetáceos, normalmente, continuam a crescer mesmo depois de atingirem a idade adulta, referem J. G. M. Thewissen e David A. Waugh, investigadores no Departamento de Anatomia e Neurobiologia da Universidade Médica do Nordeste do Ohio, num comentário ao artigo científico.
Tal como acontece com a larga maioria dos animais pré-históricos, a reconstituição foi feita a partir de um esqueleto parcial, mas que ainda assim era composto por 13 vértebras, quatro costelas e um osso da bacia (que indicava a presença do que outrora teriam sido membros posteriores). A estimativa é de que o esqueleto pesasse 5,3 a 7,6 toneladas, duas a três vezes mais do que o de uma baleia-azul com 25 metros e que as vértebras tivessem o dobro do tamanho das maiores vértebras da baleia-azul (Balaenoptera musculus).
Os investigadores destacam a importância do estudo de cetáceos (baleias e golfinhos) pré-históricos para se compreender a transição dos mamíferos (maioritariamente terrestres) para o meio aquático. Esta transição é marcada por adaptações extremas, que nas baleias se reflete sobretudo no comprimento e peso dos animais. O que esta descoberta vem revelar é que o gigantismo nas baleias terá acontecido 30 milhões de anos antes do que se pensava.
O aumento da massa óssea, ou seja, um esqueleto mais denso e pesado são uma característica dos animais marinhos que vivem em águas pouco profundas e que nadam devagar, como os sirénios, dos quais atualmente conhecemos o dugongo e o manatim. As vértebras e costelas nos animais com aumento da massa óssea conta com a acumulação de material ósseo no exterior desses ossos: para comparação, Perucetus colossus tinha um volume 350% superior ao de outra baleia da mesma ordem Basilosauridae, a Cynthiacetus peruvianus, que não tinha esta acumulação de massa óssea.
Estes ossos densos são muito mais parecidos com os dos hipopótamos que passam muito tempo no fundo dos rios e lagos do que com os de outros cetáceos, com ossos mais leves, que vivem em águas mais profundas e que têm de nadar mais rápido para capturar as suas presas.
O fósseis da baleia colossal foram encontrados a sul do Peru e estima-se que tenham cerca de 39 milhões de anos, numa altura em que o continente sul-americano já se tinha separado completamente do continente africano.