“Barbenheimer”, o fenómeno viral que levou milhões de espectadores a acorrerem às salas para verem, no mesmo dia, os filmes “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, e “Barbie”, de Greta Gerwig, está a ser alvo de críticas. Se no Ocidente, a associação entre estes dois filmes totalmente distintos foi encarada com humor, o mesmo não se verificou no Japão, país onde foram lançadas as bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, que não gostou de ver a tragédia associada ao mundo cor-de-rosa da boneca da Mattel — o que já motivou um pedido de desculpas por parte da produtora do filme, a Warner Bros.

“Oppenheimer”, um drama histórico solene sobre o homem responsável pela criação da bomba atómica, e “Barbie”, uma comédia satírica com veia feminista sobre a famosa boneca para crianças, não podiam ser mais diferentes. No entanto foram precisamente estas diferenças que acabaram por unir os dois filmes nas mentes cinéfilas. Algo que não passou despercebido às campanhas de marketing de ambos os filmes, com as redes sociais a servirem de palco a várias piadas e trocas de galhardetes bem humoradas de parte a parte.

Foi precisamente este facto que motivou as críticas vindas do território japonês, com várias pessoas a verem com maus olhos o que dizem ser a trivialização dos bombardeamentos, que mataram mais de 200 mil pessoas e continuam a ser um trauma nacional. A polémica deu inclusive origem à hashtag #NoBarbenheimer, muito partilhada ao longo das últimas semanas nas redes sociais nipónicas, com vários internautas a deixarem críticas à ligação entre os dois filmes e prometendo boicotar “Barbie” quando o filme for lançado no Japão.

A polémica atingiu o seu ponto máximo esta terça-feira, quando a conta japonesa de Twitter responsável pela promoção de Barbie no país partilhou um comunicado em que criticou a homóloga norte-americana por responder e encorajar várias publicações humorísticas que associavam as duas obras:

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Consideramos extremamente lamentável a reação por parte da conta oficial dos EUA para o filme ‘Barbie’ a este movimento organizado pelos fãs. Levamos este assunto muito a sério e pedimos à chefia dos EUA que tome as ações apropriadas. Pedimos desculpa àqueles que se sentiram ofendidos por estas ações irrefletidas”, pode ler-se.

A publicação surtiu efeito, com a liderança da Warner Bros a emitir um “pedido de desculpas sincero” ao público japonês pela forma como as campanhas publicitária de “Barbie” foi conduzida, garantindo que a empresa se “arrepende das recentes publicações insensíveis nas redes sociais”. As publicações polémicas da conta norte-americana do filme foram, entretanto, apagadas.

Apesar da polémica, os dois filmes continuam a conquistar audiências no resto do mundo. Até ao momento, o filme de Greta Gerwig já lucrou mais de 700 milhões de euros em todo o mundo, enquanto que o de Christopher Nolan arrecadou quase 400 milhões. Resta agora saber se “Barbie” conseguirá repetir o sucesso de bilheteira quando chegar ao Japão, onde tem estreia marcada a 11 de agosto.