A livraria Barata, em Lisboa, uma das mais emblemáticas lojas da capital, passou esta sexta-feira a ser uma loja Fnac. O espaço já tinha uma parceria com a cadeia francesa desde 2020.

“A digitalização e a globalização do mercado representam desafios significativos e difíceis de acompanhar. Neste sentido e, como para a FNAC estas livrarias fazem parte do património cultural, decidimos investir na Livraria Barata, assumindo a sua gestão, implementando as ferramentas informáticas e a proposta de canais digitais que disponibilizamos em todas as FNAC, mas garantindo a manutenção do seu ADN de forma a perpetuar a sua história num futuro cada vez mais exigente”, explica Nuno Luz, diretor-geral da FNAC Portugal, em comunicado.

De acordo com a mesma nota, “todos os colaboradores da Livraria Barata vão manter-se na FNAC Avenida de Roma, que contará com uma equipa de 16 pessoas”. Assegura a empresa que vai “preservar e honrar a herança histórica desta Loja com História como uma instituição cultural de relevo na cidade de Lisboa”.

Os últimos anos têm sido atribulados para a loja lisboeta. Durante a pandemia de Covid-19, em maio de 2020, Marcelo Rebelo de Sousa foi à Livraria Barata para pedir aos cidadãos que ajudassem à sua sobrevivência neste “tempo muito difícil” para o setor livreiro e para a cultura em geral.

Nesse mesmo ano, em junho, os gestores lançaram um peditório para evitar o fecho da Barata, devido a uma quebra de 90% das receitas durante o confinamento. Meses depois, em dezembro, a livraria acabaria por suspender o processo de lay-off, falhando a meta dos 190 mil euros pretendidos, e estabelecendo uma parceria com a Fnac para atrair clientes. O resultado foi uma parceria tripartida, através do programa “Lojas com História” da CML, que colocou a Fnac dentro da Livraria Barata, que cresceu na panóplia de produtos disponíveis — passou a ter jogos, brinquedos e merchandising, por exemplo. Desde então, a livraria passou a designar-se “Livraria Barata powered by Fnac”. A empresa anuncia que o espaço vai ter mais de 500 metros quadrados e vai incluir um “fórum”, para apresentações.

A Livraria Barata é considerada um espaço de resistência desde a sua fundação, em 1957. “O objetivo desde o início era muito claro: vender livros proibidos pelo Estado Novo”, contou Elsa Barata, filha do fundador, ao Observador. O senhor Barata, como era conhecido, chegou a estar preso na Cadeia do Aljube, em Lisboa, na sequência de buscas a casa e à loja por parte da PIDE.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR