O I-Pace, o único modelo 100% eléctrico da Jaguar, está agora na berlinda e pelos piores motivos, relacionados com a chamada à oficina de 6367 unidades, fabricadas entre 2019 e 2024, devido ao risco de incêndio. Há diversos clientes a queixarem-se que o seu I-Pace se incendiou sem motivo aparente, com uma proprietária de um modelo de 2019 a recordar que o seu Jaguar eléctrico ardeu à porta da sua casa na Florida, enquanto uma outra condutora relatou que o seu I-Pace, já com a segunda bateria (trocada em 2021), parou repentinamente na estrada.
O Jaguar I-Pace é um dos melhores SUV eléctricos do mercado, no que respeita ao comportamento dentro e, sobretudo, fora de estrada, para o que contribui a experiência da Land Rover neste domínio, de que a Jaguar beneficiou, ou não pertencesse ela ao grupo britânico Jaguar Land Rover (JLR). Mas a autonomia não é muito generosa, fruto de uma eficiência energética menos apurada, que não parece ter beneficiado de melhorias desde que o modelo foi introduzido em 2018, ao contrário do que acontece com alguns concorrentes, como por exemplo a Volvo. Aparentemente, os problemas que têm afectado o I-Pace são devidos às baterias fornecidas pela LG Chem, que têm revelado uma tendência para arder acima da média, apesar da marca sul-coreana ser uma das mais reputadas no mercado e uma das mais utilizadas pelos construtores europeus.
À semelhança da maioria dos fabricantes de automóveis, a Jaguar consegue realizar actualizações de software, mas somente as mais simples, pelo que a reprogramação da unidade de gestão da bateria tem de ser realizada nas oficinas oficiais da marca. Mas nada disto pareceu tranquilizar os proprietários do crossover inglês, fabricado na Áustria pela Magna Steyr, que resolveram avançar a 4 de Agosto para uma class action, uma acção colectiva contra o fabricante.
Em causa estão problemas que levam à paragem abrupta do I-Pace, sendo que a questão que mais preocupa os utilizadores é a possibilidade de o veículo se incendiar, podendo colocar em risco os automóveis que estão ao seu lado no estacionamento ou incendiar a garagem e a casa onde estiver parqueado. De recordar que este risco associado às baterias LG Chem já afectou construtores como a americana General Motors (GM), as europeias Ford e Audi, e a sul-coreana Hyundai.
Depois de tentar negar a existência de um contacto dobrado em muitas das células utilizadas nos packs de baterias (determinada como a causa de incêndio), a LG acabou por assumir que o problema era de fabrico e suportou os custos com o recall dos diferentes veículos nas diversas marcas. Só em relação à GM, a operação envolveu custos próximos a 1,9 mil milhões de dólares e na Hyundai acima de 623 milhões de dólares, sendo estes dois fabricantes os que possuíam mais baterias com defeito, mas não os únicos.