Foi homem com “um destino complicado”, mas também “talentoso”, que fez muito pela Rússia. Cometeu, no entanto, “erros graves”. Perto de 24 horas depois, esta quinta-feira, Vladimir Putin fez uma declaração de pouco mais de dois minutos em que comentou a morte de Yevgeny Prigozhin. O empresário e líder do grupo Wagner — antigo braço direito do presidente russo, que liderou uma rebelião contra Moscovo, transformando-se no seu rival político — foi dado como morto na quarta-feira, vítima da queda de um avião na região de Tver, que fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo.
Citado pela agência RIA, o Chefe de Estado da Rússia começou por enviar as “sinceras condolências” às famílias de todas as vítimas do acidente de avião, confirmando depois a presença de elementos do grupo paramilitar no avião, elogiando a sua “contribuição significativa” na guerra na Ucrânia.
“Se a informação inicial estiver correta, aqueles que estavam a bordo incluem funcionários do grupo Wagner. Gostaria de enfatizar que estas pessoas, que fizeram uma contribuição significativa para a nossa causa comum da luta contra o regime neo-nazi na Ucrânia“, disse o chefe de Estado russo. “Nós lembrar-nos-emos disso, sabemos e não esqueceremos”, acrescentou.
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Putin lembrou depois o líder do grupo Wagner, com quem mantinha relações há mais de três décadas, tecendo-lhe críticas e elogios: “Conheço Prigozhin há muito tempo, desde o início dos anos 1990. Ele foi um homem de destino difícil, cometeu erros graves na vida e alcançou os resultados necessários — tanto para ele, como quando lhe pedi em nome do bem comum, como ele fez nos últimos meses”, disse. “Era uma pessoa talentosa, um empresário talentoso”.
O chefe de Estado lembrou que o líder do grupo Wagner esteve envolvido em negócios de petróleo, metais e pedras preciosas. “Pelo que sei, ele regressou ontem de África e encontrou-se com alguns responsáveis de cá [da Rússia]”, disse.
Sobre o que levou à queda do avião, Putin reforçou que foi aberta uma investigação para entender os contornos do acidente que vitimou 10 pessoas, um dos quais o líder o grupo Wagner e ainda o número dois do grupo paramilitar, Dmitry Utkin, que foi também um dos seus fundadores e um ex-oficial das forças especiais russas.
A investigação, garantiu, irá até ao fim, ainda que possa levar algum tempo, ressalvou: “Vamos ver o que os investigadores dizem num futuro próximo. Agora estão a ser realizadas perícias – perícias técnicas e genéticas. Isso leva algum tempo”, disse.