Dificuldades para adquirir produtos básicos, incerteza quanto ao futuro, mas tranquilidade nas ruas. Em síntese, é este o relato deixado ao Observador por Fausto Correia, português a viver há 15 anos no Gabão, sobre o ambiente que se vive no país depois do golpe de Estado.
Militares golpistas no Gabão anunciam que Presidente Ali Bongo encontra-se em prisão domiciliária
No Gabão, as eleições do último fim de semana deram a vitória ao presidente Ali Bongo Ondimba, o que o levaria a dar continuidade às mais de cinco décadas de domínio do poder da família. Mas, na sequência destes resultados, um grupo de militares anunciou o cancelamento do ato eleitoral.
Ouvido pelo Observador, o português Fausto Correia descreve um ambiente relativamente tranquilo nas ruas, mas longe da normalidade. “Ontem [quarta-feira], não houve confrontos entre a população e as forças de ordem, no entanto, esteve tudo fechado”.
Fausto Correia, que vive em Port-Gentil, afirma que os conflitos que ocorreram foram breves, e que “as forças de ordem estão com a população, não vimos aquilo que se costuma ver nestas situações, com vidros partidos e destruição”.
Acrescenta que, entre os portugueses, o sentimento geral “não é bem de insegurança, é mais de incerteza, não sabemos onde é que isto vai parar”. Entretanto, o Governo português já emitiu uma nota a informar que está a acompanhar a situação e a apelar ao rápido restabelecimento da normalidade.
Gabão. Portugal apela ao “rápido restabelecimento da normalidade e da ordem constitucional”
Fausto Correia garante que as autoridades portuguesas estão em contacto com a comunidade no país: “tenho estado em contacto com o cônsul de Portugal em São Tomé e Príncipe, tem estado a acompanhar a situação e tem sido incansável”. Refere ainda que, apesar da incerteza mencionada, não está para já a pensar em deixar o Gabão.