O cenário tem sido recorrente no US Open: tosse, espirros, febre, problemas intestinais e de estômago e vários tenistas a queixarem-se de uma aparente gripe. O assunto até tem sido tratado na base da rábula, com os atletas a revelarem que apanharam “o bicho” do Grand Slam norte-americano e o aparente contágio a ser associado ao ar condicionado, aos balneários e às salas de imprensa. Ainda assim, a história pode ter uma dimensão diferente.

O US Open está a decorrer em Nova Iorque, nos Estados Unidos, numa altura em que uma nova vaga da Covid-19 está a afetar o país: de acordo com o The New York Times, os últimos dados indicam que existem 620 mil novos casos diários em território norte-americano, com a região de Nova Iorque a representar os números mais altos. Nas últimas semanas, as hospitalizações por Covid-19 mais do que duplicaram na cidade.

A associação das aparentes gripes do US Open à Covid-19 surgiu no momento em que John McEnroe, antigo tenista e atual comentador televisivo, anunciou que tinha testado positivo depois de ter alguns sintomas. O Grand Slam norte-americano está a decorrer sem qualquer tipo de restrições e não exige certificado de vacinação ou testagem obrigatória a nenhum participante, treinador, elemento do staff ou espectador — como, aliás, é agora prática comum em praticamente todo o mundo depois da disseminação globalizada das vacinas.

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Uma das tenistas mais afetadas pelo “bicho” do US Open foi Ons Jabeur, número 5 do ranking WTA que chegou à final do torneio há um ano e que já perdeu a final de Wimbledon na atual temporada. A tunisina disputou várias partidas com visíveis limitações respiratórias, parando várias vezes para tossir e chegando a pedir um time out para ser assistida pela equipa médica.

“Estou um zombie porque estou com gripe. Estou a tomar muita medicação”, explicou Jabeur, que esta segunda-feira foi eliminada pela chinesa Qinwen Zheng nos oitavos de final, numa das conferências de imprensa. Já Dominic Thiem acabou mesmo por desistir do encontro contra Ben Shelton, queixando-se de problemas gastrointestinais na antecâmara da partida: o austríaco apresentou-se visivelmente doente, agachando-se com a mão na barriga junto à rede e lutando contra vómitos, e abdicou.

O finlandês Emil Ruusuvuori nem sequer enfrentou Andrey Rublev, invocando uma “doença não especificada” como motivo para a falta de comparência. Christopher Eubanks perdeu um jogo durante a partida contra Benjamin Bonzi para ir à casa de banho, Hubert Hurkacz também pediu um time out para ser assistido pela equipa médica e o norte-americano Tennys Sandgren ficou doente após ser eliminado, recorrendo às redes sociais para sublinhar que tinha apanhado “o bicho” do US Open.

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O tema tem sido protagonista no último Grand Slam do ano, não só pela clara disseminação de um aparente vírus entre os atletas como também pela possível ligação à Covid-19. Nos últimos dias, um conhecido epidemiologista norte-americano garantiu não ter dúvidas — os casos estão associados à nova vaga da doença que está a afetar os Estados Unidos. “Não entendo como é que as pessoas estão perplexas. É Covid. Ponto final. Enquanto a última variante do SARS-2 se espalha pelo mundo, uma doença misteriosa com os mesmos sintomas que a Covid-19 está a espalhar-se no US Open”, escreveu, ironicamente, Michael Olesen.