Foram mortos pelos nazis em 1944 por terem escondido oito judeus na sua casa durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 80 anos depois, os Ulma, uma família polaca de nove membros, vão ser beatificados no domingo, 10 de setembro.

O anúncio foi feito pelo Vaticano na terça-feira, avançando que a beatificação dos Ulma marca “um acontecimento sem precedentes no processo moderno de canonização”. Na Igreja Católica, a beatificação é o último passo antes da santidade.

Em março de 1944, Josef e Wiktoria Ulma e os seus sete filhos, com idades entre os 18 meses e os sete anos, foram mortos na cidade de Markowa, na Polónia, depois de a polícia alemã ter descoberto que tinham estado a esconder no sótão oito pessoas de duas famílias judaicas. Na época, as leis da ocupação nazi na Polónia mandavam matar aqueles que escondessem judeus.

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“Esta beatificação invulgar é um testemunho do seu sacrifício durante a Segunda Guerra Mundial, quando abrigaram e protegeram oito judeus da perseguição”, considerou o Vaticano.

Quando morreu, Wiktoria estava grávida de sete meses. No entanto, e apesar de o bebé também ter morrido, o mesmo não está incluído no processo de beatificação.

Os judeus escondidos pertenciam às famílias Goldman e Szall e também foram vítimas do massacre. De acordo com o The Telegraph, Ella Goldman avançou que a sua família não fala sobre o Holocausto e que, só depois de uma investigação, ficou a conhecer o passado dos Goldman e o massacre em que estiveram envolvidos.

“Na altura, eu não sabia que cinco dos oito judeus que os Ulmas esconderam eram membros da minha família”, disse ela. “Eram Saul Goldman e quatro dos seus filhos. Quando me apercebi disso, tudo o que ouvi sobre este acontecimento tornou-se ainda mais doloroso e trágico”, acrescentou.

No entanto, afirmou ainda considerar “reconfortante” saber que “durante estes tempos horríveis, no meio deste tremendo pesadelo, havia pessoas que, como a família Ulma, tinham a coragem de fazer o que pensavam ser correto”.

Já o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, afirmou que os polacos que salvaram judeus durante a ocupação alemã são “heróis nacionais, ao nível dos que lutaram de armas na mão”.