Depois do silêncio de António Costa durante a reunião do Conselho de Estado, Luís Marques Mendes, que faz também parte deste órgão consultivo, defendeu que o primeiro-ministro não deveria ter ficado em silêncio, já que “um órgão de consulta é para dar uma opinião” — e afirmou que esse silêncio foi “uma anormalidade”.

“Um membro do Conselho de Estado, claro que pode ficar em silêncio. Poder, pode. Ninguém o vai prender. Agora, a questão é: deve ficar calado? Acho que não”, referiu Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário, na SIC. “Acho que quem está no Conselho de Estado não tem apenas o direito de dar opinião, tem o dever de dar opinião — dever político e institucional.”

Esta semana, ficou a saber-se que o primeiro-ministro teve três oportunidades para falar durante a reunião do Conselho de Estado, mas preferiu o silêncio, falando apenas na terceira hipótese para explicar que não iria intervir. Marcelo Rebelo de Sousa fala numa “versão que era o contrário da verdade”, mas este episódio poderá ser mais um capítulo de tensão entre primeiro-ministro e Presidente da República.

Costa tentou desvalorizar críticas com silêncio (quase) absoluto. Marcelo fez reparos à “leviandade” na governação

Sobre uma possível tensão, Marques Mendes sublinhou: “Acho que há, acho que ninguém tem dúvidas de que há”. E, “a manter-se este clima de tensão e sob a perspetiva de ele poder ser agravado, acho que é mau para o país”, acrescentou. “Não pode haver uma sobreposição de funções. Não é saudável, não é benéfico.”

Apesar de o clima de tensão não estar num ponto “dramático”, “se não houver cautela, vai escalar e aí transforma-se num problema para o país”.

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