Durante uma corrida de F1, a ida à boxes para trocar de pneus é sempre um momento único, em que são os mecânicos (e não o piloto) que podem contribuir decisivamente para a vitória. Mas, para que o piloto possa “atacar” assim que sai das boxes, é necessário que os pneus estejam já à temperatura ideal de funcionamento, pois de contrário quem vai ao volante teria de reduzir o ritmo para que os pneus aquecessem lentamente durante uma ou duas voltas, uma vez que se os forçar degradam-se rapidamente e nunca permitirão rodar ao ritmo ideal. E é precisamente para manter os pneus à temperatura que servem os cobertores eléctricos, que (felizmente) nada têm a ver com os que usamos lá em casa.
O ex-piloto britânico Scott Mansell – que não é da família do Campeão do Mundo e conterrâneo Nigel Mansell – explica no vídeo publicado pelo canal Driver61 o inegável contributo dos cobertores eléctricos para a rapidez e eficiência dos F1 modernos. Mansell começa por recordar que tudo na disciplina máxima do desporto automóvel é caro, muito caro. Um volante, daqueles cheio de botões, ecrãs e “rodinhas”, pode custar um mínimo de 50.000€, para uma asa fazer disparar o preço para 235.000€ e uma suspensão para 470.000€. Valores elevados, mas nada que assuste uma equipa que pode gastar anualmente, por regulamento, até 130 milhões de euros.
Face a esta ordem de grandeza, os cobertores eléctricos para os quatro pneus atingem um total de 25.600€, já com a unidade de controlo, o que é substancialmente mais do que os 50€ que pode custar um cobertor eléctrico para uma cama de casal. Contudo, estes cobertores recebem os pneus já montados em jantes a uma temperatura de 70ºC, vindos de uma espécie de estufa instalada no paddock, atrás da boxes, para depois elevar a temperatura do conjunto até aos 110ºC. Isto obriga a que até os cordões que prendem os cobertores aos pneus sejam em kevlar, para evitar que ardam no processo.
As más notícias não ficam por aqui, pois além de ter que suportar os custos dos cobertores e das estufas, as equipas deverão ser obrigadas a abandonar o aquecimento dos pneus devido à imensa energia que todo o processo consome e que a FIA não aceita, na sua tentativa de reduzir o impacto ambiental da F1. Tanto mais que para o aquecimento ser perfeito e o calor ficar bem distribuído pelas diferentes camadas da borracha, é necessário aquecer os pneus durante um mínimo de 90 minutos. Fique a saber estes e outros detalhes através de Scott Mansell: