O secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional, João Ribeiro, é desde agosto arguido num inquérito com origem no caso “Tempestade Perfeita”, no âmbito do qual estão a ser investigadas suspeitas de corrupção em negócios na Defesa Nacional e que levou já à demissão do antigo secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira.

Contudo, apesar de João Ribeiro ter sido constituído arguido, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, optou por manter o secretário-geral em funções. A notícia está a ser avançada pelo jornal Expresso, que dá conta de que João Ribeiro é suspeito dos crimes de abuso de poder e de falsidade informática.

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Em julho, Marco Capitão Ferreira demitiu-se justamente no dia em que foi constituído arguido no âmbito de um inquérito nascido do caso “Tempestade Perfeita“. Contudo, em agosto, quando João Ribeiro foi constituído arguido após ter sido interrogado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, o mesmo não aconteceu — e o secretário-geral do Ministério da Defesa manteve-se em funções na coordenação de toda a operação técnica do ministério.

Em declarações ao Expresso, o Ministério da Defesa confirma que “foi informado da constituição de arguido do secretário-geral do ministério, mas não da natureza dos factos que levaram a essa circunstância”. Como “não foi transmitida qualquer decisão cautelar de inibição do exercício de funções”, o responsável mantém-se “no seu desempenho”, diz ainda o ministério.

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Ainda segundo o Expresso, João Ribeiro é suspeito de ter manipulado o sistema informático do ministério para fazer um pagamento antecipado a uma empresa acusada de corrupção — uma empresa envolvida nas polémicas obras do Hospital Militar de Belém. João Ribeiro é também suspeito de ter mentido sobre estes pagamentos quando foi inicialmente ouvido pelas autoridades.

No âmbito do caso “Tempestade Perfeita” há já desde agosto, entre arguidos singulares e empresas, 73 acusados por vários crimes, incluindo corrupção ativa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Tal como sucedeu com Marco Capitão Ferreira, que foi investigado à parte do processo principal, também no caso de João Ribeiro foi extraída uma certidão do processo “Tempestade Perfeita” para investigar o secretário-geral.

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