A guerra entre a Nissan e Carlos Ghosn, que começou em 2018 com a prisão do então chairman e a subsequente fuga para o Líbano digna de um filme de Hollywood, é uma das novelas que mais tem animado a indústria automóvel nos últimos anos. Depois de abandonar Tóquio dentro de uma caixa de instrumentos musicais para evitar um julgamento no Japão, onde a taxa de condenação ronda 99,9% (ao nível da Coreia do Norte), Ghosn contra-ataca agora no Líbano, processando a Nissan por remunerações por pagar e danos de imagem, num total de 1000 milhões de dólares, aproximadamente 938 milhões de euros.

O julgamento arrancou esta semana num tribunal libanês, em Beirute, onde as equipas de advogados de ambas as partes irão fazer desfilar provas a favor e contra Ghosn, o homem responsável pelo resgate da Renault a uma Nissan à beira da falência, em 1999, o que permitiu aos franceses controlarem (com 43,4%) o construtor japonês. E numa fase em que o então CEO da Renault e chairman da Nissan pretendia tornar a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi mais eficiente, fazendo-a evoluir de aliança para grupo, à semelhança do que aconteceu com a Volkswagen ou a Stellantis, o que diluiria ainda mais o poder da Nissan, surgiu a acusação a Ghosn.

Carlos Ghosn exige 1000 milhões à Nissan

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O brasileiro/libanês exige 500 milhões de dólares em danos e outro tanto sob forma de ordenados, pensões e prémios, mas vai ter de provar os seus argumentos perante o juiz Sabbouh Suleiman. O primeiro dia de julgamento foi palco do primeiro confronto entre as partes, durante um período superior a quatro horas. Resta aguardar pelas próximas sessões, para finalmente perceber quem tem razão.

Fuga de emails indica que Ghosn terá sido tramado

Caso consiga ultrapassar favoravelmente esta disputa com a Nissan, Ghosn tem depois de enfrentar a Renault, que também o acusou de fuga a impostos, fraude e má utilização de bens da empresa. Os dois casos originaram três mandatos de detenção pela Interpol, que o Líbano já informou que não irá cumprir.