Carlos Ghosn foi CEO do Grupo Renault e chairman da Nissan e se foi encarregado de salvar o primeiro da ausência de lucros palpáveis, resgatou a segunda da falência ao injectar uns milhões “franceses” no construtor japonês, que levou a fechar fábricas, despedir funcionários e apostar nos veículos eléctricos, algo que nunca tinha acontecido com as marcas oriundas da ilha. O passo seguinte seria a fusão dos franceses com os japoneses, necessariamente com os primeiros a liderar e, para evitar que isso acontecesse, a Nissan acusou o seu chairman de cometer uma série de crimes, entre eles os prémios não declarados. Algo que depois se viria a provar ser prática comum na marca, sem que isso resultasse em punições para os quadros japoneses, normal num país em que da imprensa aos sindicatos, passando pela justiça, tudo parece trabalhar em prol das empresas, especialmente as grandes como a Nissan.

Depois de ter abandonado o Japão “disfarçado” de instrumento musical e de se refugiar no Líbano, de que tem nacionalidade, Ghosn passou ao ataque. Em Maio, processou o seu antigo empregador em 1000 milhões de dólares. A verba exigida destina-se a compensar o antigo gestor da Renault e Nissan pelo que afirma serem os danos reputacionais, difamação e fabricação de provas, entre outros crimes. Como seria de esperar, os advogados de Ghosn e da Nissan têm interpretações distintas do diferendo, sendo que Carlos Ghosn ainda é aguardado no Japão para enfrentar a justiça.

A fuga de Ghosn do Japão parece ter sido extraída de um filme de Hollywood, com uma banda a ter sido contratada para tocar na casa onde o executivo estava em prisão domiciliária, para este aproveitar o final do concerto para abandonar a residência escondido dentro de uma das caixas dos instrumentos. Daí ao aeroporto foi um instante, interrompido por uma paragem curta na Turquia rumo ao Líbano, onde Ghosn tem casa, que não abandonou.

De acordo com a Automotive News, o gestor processou a Nissan num tribunal do Líbano em Maio, estando igualmente igualmente envolvidas outras duas empresas e 12 indivíduos, pressupostamente quadros da marca nipónica. Resta aguardar para ver como corre o processo, sabendo-se que Ghosn não pode sair do Líbano, que se recusa a extraditá-lo, enquanto os dois americanos (pai e filho especialistas em extracções do género) que ajudaram na fuga de Ghosn do Japão foram condenados a 24 e 20 meses de prisão.

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