O Ajax entrou no fim de semana com dois empates, uma derrota e apenas uma vitória em quatro jornadas disputadas nos Países Baixos e bem longe dos registos dos rivais PSV ou AZ Alkmaar. O clube de Amesterdão ainda não virou a página depois da saída de Erik ten Hag — e da debandada do grupo que em 2019 chegou às meias-finais da Liga dos Campeões — e o terceiro lugar da época passada foi apenas o início de uma avalanche que continua a fazer estragos.

Este domingo, o Ajax tinha um dos primeiros verdadeiros desafios da temporada ao receber o eterno rival Feyenoord. E tudo o que poderia ter corrido mal, correu ainda pior. Santiago Giménez abriu o marcador para a equipa de Roterdão dentro dos 10 minutos iniciais, bisou pouco depois e Igor Paixão aumentou a vantagem ainda na primeira parte, com o Ajax a sair para o intervalo a perder por 0-3 em casa.

O que estava a acontecer dentro de campo, porém, foi o menor dos males. A paciência dos adeptos começou a escassear logo na altura do segundo golo de Giménez, quando o jogo foi interrompido devido ao arremesso de um copo de plástico para o relvado, e o golo de Paixão abriu a porta a um festival de pirotecnia nas bancadas que também parou o encontro. Já no início da segunda parte, quando as tochas começaram a cair no campo e depois de o próprio Ajax pedir aos adeptos que parassem através dos ecrãs gigantes, o árbitro suspendeu definitivamente o jogo e mandou toda a gente para casa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jogo Ajax-Feyenoord vai ser reatado na quarta-feira à porta fechada

Dentro do estádio e nas imediações da Johan Cruyff Arena, porém, o desagrado dos adeptos continuou a fazer estragos: entre tochas e potes de fumo nos corredores, muitos vidros partidos e um clima de violência e instabilidade que levou as autoridades a procurar controlar a multidão com recurso à polícia a cavalo. Em comunicado — e já depois de garantir que ainda não sabe como é que o jogo suspenso será concluído –, o Ajax afastou-se do comportamento da massa adepta.

“A direção do Ajax distancia-se da má conduta que levou à interrupção do jogo contra o Feyenoord, este domingo, e dos distúrbios posteriores. Este não é um comportamento que pertença ao Ajax. A desilusão em relação ao mau início de temporada é completamente compreensível, mas nunca poderá ser motivo de distúrbios. Pedimos desculpa a todos aqueles que se sentiram inseguros ou que foram incomodados de uma ou de outra forma”, podia ler-se na nota, sendo que as autoridades neerlandesas indicaram que alguns adeptos tentaram mesmo invadir o relvado e outras zonas reservadas do estádio, como a tribuna de imprensa.

Maurice Steijn, o atual treinador do clube de Amesterdão, limitou-se a dizer que o dia “já estava a ser negro” e que tudo o que aconteceu depois “só o tornou pior”. Em termos institucionais, contudo, as ondas de choque já começaram: Sven Mislintat, diretor desportivo alemão ex-Arsenal e Borussia Dortmund que tinha sido contratado em maio, foi despedido ainda este domingo e na sequência da derrota contra o Feyenoord que não chegou a materializar-se.

“O Ajax decidiu terminar a colaboração com o diretor desportivo Sven Mislintat com efeitos imediatos. A ausência de apoio generalizado dentro do clube é a razão por detrás da decisão. Várias tentativas para restaurar esse apoio generalizado não tiveram o efeito desejado. Isto leva a instabilidade dentro e à volta do clube, também devido aos resultados desapontantes. O Sven colocou um esforço tremendo no Ajax nos últimos meses, pelo que estamos agradecidos. O melhor interesse do Ajax está agora em seguir em frente e juntar esforços para encontrar o caminho de regresso ao sucesso desportivo”, explicou Jan van Halst, o CEO interino dos neerlandeses depois da saída de Van der Sar.