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O grupo paramilitar Wagner, há muito presente na Ucrânia e com atividade em África, assinou um contrato com uma empresa chinesa para a aquisição de dois satélites de observação, segundo a agência France-Presse (AFP).
Digam-me, quem neste país tem satélites de reconhecimento para além do Wagner”, questionou o falecido líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, em abril, na plataforma Telegram, troçando das capacidades espaciais do Exército russo, durante a ofensiva dos seus homens em Bahkmut, no leste da Ucrânia.
Agora, uma investigação da agência noticiosa francesa estabeleceu ligações entre o Grupo Wagner e as empresas chinesas que lhe forneciam imagens por satélite.
A AFP refere que algumas destas imagens foram utilizadas por Prigozhin, que morreu em agosto na queda do seu avião, para preparar o seu motim de junho, considerada a maior ameaça que o Presidente russo, Vladimir Putin, enfrentou em 20 anos no poder, segundo uma fonte de segurança europeia.
O que se sabe e falta saber sobre a queda do avião em que seguia Prigozhin
De acordo com um contrato comercial redigido em inglês e em russo assinado em 15 de novembro de 2022, a Beijing Yunze Technology Co Ltd vendeu à Nika-Frut, da esfera de Prigozhin, dois satélites de muito alta resolução (75 centímetros) pertencentes à gigante espacial chinesa Chang Gang Satellite Technology (CGST).
O acordo previa o fornecimento a pedido de imagens dos vários satélites da CGST.
A mesma fonte de segurança europeia acrescentou que estas imagens permitiram ao Grupo Wagner obter informações sobre os territórios onde operam os seus membros, incluindo na Ucrânia e em África (Líbia, Sudão, Mali ou República Centro-Africana.
No final de maio deste ano, homens de Prigozhin terão encomendado cerca de 80 imagens do território russo — desde a fronteira ucraniana até Moscovo, o mesmo percurso que o grupo percorreu durante o motim no final de junho.
O motim, que se prolongou por cerca de 24 horas, marcou em definitivo a rutura entre Putin e Prigozhin, semanas antes da morte deste.
A AFP refere que não conseguiu verificar de forma independente a encomenda de imagens sobre a Rússia, mas admite que a fuga de informação “poderia explicar por que razão os serviços secretos americanos tinham conhecimento dos preparativos” para o motim, conforme noticiado pela CNN. De igual forma, e segundo o L’Opinion, os serviços secretos franceses também tinham estas informações.
Sem o seu líder e outros quadros importantes, o Grupo Wagner está agora em processo de reorganização, sendo que as suas atividades no estrangeiro deverão continuar sob outros grupos paramilitares ou até de uma nova direção controlada por Moscovo.
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Questionado pela agência noticiosa francesa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse “não ter conhecimento” sobre o assunto.