O antigo rei de Espanha, Juan Carlos I, venceu esta sexta-feira a batalha judicial no Reino Unido contra Corinna Larsen, na qual se vê envolvido há três anos. A justiça britânica anulou o processo de assédio da ex-amante do rei emérito, que exigia uma indemnização de milhões de euros.

Segundo o El País, o Tribunal Supremo de Londres rejeitou a queixa da empresária alemã por considerar que as acusações não encaixam na definição de assédio da lei britânica e por considerar que a jurisdição do Reino Unido não é adequada para julgar o caso.

“A queixa não está em conformidade com as normas processuais exigidas para a redação de uma acusação de assédio. Da forma como foi apresentada, a declaração não me fornece uma base razoável para sustentar essa acusação”, escreveu a juíza Rowena Collins Rice.

“A minha principal conclusão é que o Tribunal Supremo de Londres não tem competência para julgar este caso. Isto deve-se ao facto de o requerente não ter apresentado a queixa no país de domicílio do requerido, o que tem o direito de fazer. Também não foi capaz de me convencer de que o seu caso se enquadra nas possíveis exceções a esta regra. Não conseguiu demonstrar que ‘os factos que deram origem ao dano’ ocorreram no Reino Unido”, acrescentou a juíza.

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Em comunicado, Corinna Larsen afirmou estar “profundamente desiludida” com a decisão de Rowena Collins Rice. “É desanimador ver que as vítimas de assédio muitas vezes lutam para encontrar justiça no nosso sistema jurídico. O assédio tem um impacto profundo e duradouro nos indivíduos e é crucial que os nossos processos legais proporcionem soluções adequadas para aqueles que o sofreram. A intimidação e o assédio contra mim e os meus filhos continuam e têm como objetivo destruir-me completamente. Juan Carlos utilizou todo o seu arsenal para me desgastar e a extensão do seu poder é imensa. Estou a considerar todas as opções disponíveis”, declarou Corinna, citada no jornal espanhol.

Durante uma primeira sessão preliminar, em julho, Corinna tinha reclamado uma indemnização de 126 milhões de libras (aproximadamente 146 milhões de euros) por danos psicológicos sofridos. Os advogados do rei emérito, por seu lado, pediam que o caso fosse rejeitado, argumentando que “não tem possibilidades reais de prosseguir”.

Corinna pede 146 milhões de euros a Juan Carlos. Advogados do Rei emérito pedem a rejeição do processo

Por sua vez, em resposta à decisão do tribunal de Londres, Juan Carlos I está “satisfeito”. “Embora Sua Majestade Juan Carlos lamente o dispêndio de energia e recursos que este processo implicou, está, no entanto, satisfeito com a decisão do Tribunal Supremo de Londres, que, como esperado, confirma a sua inocência”, avançou a equipa jurídica no rei emérito, segundo o jornal El Mundo.

“A fim de permitir que os tribunais prossigam o seu trabalho com toda a serenidade, Sua Majestade exerceu voluntariamente a maior discrição durante todo o julgamento e, por conseguinte, absteve-se de fazer quaisquer comentários públicos”, acrescentou.

Corinna Larsen acusou Juan Carlos de assédio, o que teria ocorrido desde 2012, e vigilância ilegal. A alegação foi feita pela equipa jurídica da ex-amante do atual rei emérito de Espanha em dezembro de 2020 em Londres, onde Larsen reside. O ex-monarca terá doado a Corinna uma quantia de cerca de 65 milhões de euros em 2012 através da Fundação Lucum, no Panamá. Contudo quando a relação entre ambos acabou, na sequência da caçada de elefantes que expôs o então Rei de Espanha, quis a devolução do dinheiro, mas a ex-amante recusou-se, o que terá levado Juan Carlos a difamá-la, segundo a queixosa.

Ex-amante processa Juan Carlos I em caso de assédio. Corinna alega que rei emérito mandou espiá-la

Atualizada às 15h25 com as declarações de Juan Carlos e Corinna