A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, rejeitou esta sexta-feira a derrota nas eleições autárquicas nos sete municípios da província de Cabo Delgado, norte do país, qualificando os resultados de “fabricados”.
Não reconhecemos nenhuma vitória de nenhuma autarquia na província de Cabo Delgado, não reconhecemos porque são resultados fabricados“, disse Manuel Alex Macuane, delegado político da Renamo, em conferência de imprensa.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, venceu todas as sete autarquias da província de Cabo Delgado na eleição autárquica de quarta-feira, conquistando uma à Renamo, conforme dados anunciados esta sexta-feira pela Comissão Provincial de Eleições.
Reagindo a esta informação, o delegado da Renamo naquela província avançou que o partido “distancia-se dos resultados divulgados pela CNE”.
Manuel Alex Macuane declarou que a vitória da Frelimo foi resultado de “enchimento de urnas”.
Macuane apontou as autarquias de Chiúre, governada pela Renamo, e da Mocímboa da Praia, como “casos evidentes” do que considerou fraude, acusando a polícia de ter recorrido à violência para reprimir e intimidar os eleitores.
No caso da autarquia de Chiúre, disse, “não haverá governo”, porque “não pode “governar um ladrão que inverteu os resultados”.
O delegado da Renamo na província de Cabo Delgado adiantou que o partido submeteu um recurso no Tribunal Judicial do Distrito de Chiúre contra os resultados do escrutínio nesta autarquia.
O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) moçambicano confirmou na quinta-feira que ainda não recebeu qualquer resultado das eleições autárquicas nos 65 municípios e que o apuramento, 24 horas depois do fecho da votação, continua na fase intermédia.
Pouco mais de 4,8 milhões de eleitores podiam votar nestas eleições autárquicas nos 65 municípios do país.
Os eleitores moçambicanos foram chamados a escolher 65 novos presidentes dos Conselhos Municipais e eleitos às Assembleias Municipais, incluindo em 12 novas autarquias aprovadas por Conselho de Ministros em outubro de 2022, que se juntam a 53 já existentes, num total de 1.747 membros a eleger.
Moçambique está a iniciar um novo ciclo eleitoral, que além das autárquicas, prevê eleições gerais em 9 de outubro de 2024, nomeadamente com a escolha do novo Presidente do país, cargo ao qual o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, já não pode, constitucionalmente, candidatar-se.
Concorreram às eleições autárquicas mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos, tendo a CNE determinado 1.486 Locais de Constituição e Funcionamento das Assembleias de Voto e 6.875 mesas de Assembleia de Voto.